Caso você tenha acompanhado ou estudado a crise financeira de 2008 nos EUA, já deve ter ouvido falar sobre CDO. Afinal, o mecanismo foi um dos elementos centrais de discussão do período.
No entanto, vale ressaltar que o CDO não apenas marcou a história americana, como também é bastante utilizado pelas instituições financeiras nos dias de hoje, podendo, inclusive, ter relação com seu dinheiro.
Sendo assim, acompanhe a leitura para entender o que é essa essa prática e como ela é aplicada no mercado atual.
O que é CDO (Collateralized Debt Obligation)?
CDO é a sigla de Collateralized Debt Obligation — Obrigação de Dívida Colateralizada, em tradução livre. Basicamente, trata-se de um mecanismo de securitização de dívida.
A securitização é uma prática financeira que funciona como uma proteção da dívida, garantindo ao credor o pagamento antecipado.
Dessa forma, caso o débito não seja devidamente quitado pela pessoa que solicitou o crédito, a garantia é tomada pelo credor.
Na maioria das vezes, o CDO está vinculado a empréstimos para compra de imóveis, carros, pagamento de faculdade, entre outros.
Com isso, podemos afirmar que ocorre um processo que transforma uma obrigação de pagamento em vários títulos, assegurados como ativos que podem cobrir o valor a ser pago — o que configura colaterização.
Como surgiu o CDO?
Os primeiros CDOs foram criados na década de 80 pelo banco de investimento Drexel Burnham Lambert.
A instituição bancária era bastante ativa no mercado de junk bonds (títulos de renda fixa altamente voláteis, emitidos por empresas e governos de baixa qualidade de crédito).
Sendo assim, o primeiro Collateralized Debt Obligation surgiu a partir de junk bonds de diferentes empresas, a fim de reuni-los para reduzir a exposição dos investidores à quebra de um título.
Este foi um conceito novo e radical no mundo financeiro, desempenhando um papel importante na crise de 2008 nos Estados Unidos.
Como funciona o CDO na prática?
Para que você entenda o funcionamento do CDO, imagine que uma instituição financeira está trabalhando pesado com a linha de crédito imobiliária.
Ou seja, ela está emprestando e financiando várias operações no setor imobiliário. Em dado momento, a empresa percebe uma redução em seu capital próprio.
Ainda que existam bons e maus devedores, a instituição não tem capacidade para continuar financiando essas operações sozinha, visto que há o risco de quebra, mesmo o índice de inadimplência sendo pequeno.
Portanto, para conseguir permanecer na área e seguir obtendo lucros com a intermediação do negócio, a companhia opta por fazer o CDO dos financiamentos em questão.
Assim, dentro de cada Collateralized Debt Obligation, o banco vai adicionando diferentes devedores.
Com os CDOs formados, a empresa oferece o produto para outros bancos ou fundos de investimentos.
Estas instituições financeiras, por sua vez, compram o produto, recebem os rendimentos (juros e encargos cobrados nos financiamentos) e adquirem a dívida.
Por outro lado, o banco que emitiu o Collateralized Debt Obligation fica com uma comissão.
Principais características
O que define um Collateralized Debt Obligation são as operações que servem como seu lastro.
Negociado em camadas, conhecidas como tranches, cada uma delas representa um determinado grau de risco.
Assim, dentro do mesmo CDO existem as seguintes partes:
- Sênior: a mais segura, com a maior classificação de risco (rating) e prioridade no recebimento dos fluxos futuros garantidos pelo seu lastro;
- Júnior: composta por dívidas de pior qualidade e, em casos de inadimplência, a primeira a incorrer — razão pela qual oferece um maior retorno.
Além disso, o mercado de CDO engloba a participação dos seguintes agentes:
- Investidores institucionais: compradores de títulos de longo prazo como o CDO;
- Gestores de CDO: escolhem e realizam todo o gerenciamento das operações que farão parte do lastro;
- Securitizadores: profissionais responsáveis por aprovar o lastro, fazer a estruturação do CDO em tranches e vendê-los para os investidores;
- Garantidores: recebem um quantia em forma de pagamento similar ao prêmio no mercado de seguros, para garantir parte das tranches do CDO.
O que deu errado com os CDOs?
A crise financeira de 2008 expôs os perigos do uso descontrolado dos CDOs. Na época, as maiores instituições financeiras dos EUA liberaram crédito de forma desregulada a potenciais maus pagadores — chamados de subprime.
Com isso, foram feitas hipotecas para efetuar a compra de imóveis e, obviamente, esses compradores se endividaram e não foram capazes de pagar o empréstimo.
Dessa forma, as instituições que compraram os títulos de dívidas começaram a ver diversos pagamentos mensais se transformarem em imóveis pagos como forma de garantia.
Com o aumento elevado da inadimplência e o inevitável crescimento de “ofertas de casa”, a consequência foi a queda considerável do valor dos imóveis, de tal forma que a garantia se tornou muito pequena para cobrir os custos e lucros previstos.
A partir daí foi formada uma verdadeira bola de neve de calotes o acúmulo de imóveis originou a crise de crédito americana.
Quais são as vantagens e desvantagens do CDO?
O CDO é definido como um produto de renda fixa, utilizado como instrumento de fundos de investimento e até mesmo previdência privada por possuir certo nível de segurança.
Além disso, sua rentabilidade é mais atraente do que a oferecida por uma letra do tesouro, por exemplo.
No entanto, no Brasil o CDO não existe da mesma forma que nos Estados Unidos. Aqui, são liberados outros instrumentos, como LCI e LCA.
A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) é um instrumentos de investimento no qual o banco capta os recursos para financiar linhas de crédito imobiliário.
Já a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) financia projetos do agronegócio.
A ideia é bem semelhante ao CDO, mas, devido a alguns fatores que existem no CDO, as duas letras são diferentes.
De todo modo, a partir do momento que um agente financeiro não desempenha seu papel de maneira responsável na criação e comercialização do CDO, as desvantagens podem ser grandes.
Inclusive, em 2008 o mundo pode sentir na pele a consequência dos erros cometidos, visto que a crise hipotecária nos Estados Unidos ganhou força a partir do momento que os CDOs começaram a ser negociados com títulos, dívidas ruins ou junk.
Portanto, podemos concluir que o CDO pode ser um bom instrumento financeiro, desde que seja utilizado de forma responsável e correta.
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