Como investir no agronegócio, o setor que valorizou mesmo na crise?

Por que novos investidores começaram  a pesquisar como investir no agronegócio?

A importância desse setor para a economia brasileira não é exatamente uma novidade, não é mesmo? Mas, talvez, o crescimento da participação do setor durante uma crise tão severa, como a da Covid-19, tenha despertado o interesse de muitos novos investidores.

Afinal, no período pandêmico, que atingiu negativamente quase toda a economia mundial,  a participação do agro no PIB cresceu para 24,31%. E, de acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a previsão para 2021 é que alcance a marca de 28% no ano.

O somatório do PIB do Agronegócio, portanto, segundo essas informações, supera o Produto Interno Bruto de dezenas de países. Como Dinamarca, África do Sul, Chile, Hungria, etc. O que, naturalmente, demonstra a força do setor no âmbito nacional e internacional.

O cenário de valorização, durante uma crise, é realmente outro sinal da força que o agronegócio tem no país. Inclusive, com uma reação muito rápida a imprevistos, como afirmou, em entrevista à Forbes, Roberto Rodrigues, engenheiro agrônomo, agricultor e coordenador do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas:

“O Brasil foi um dos poucos países a aumentar as exportações durante a pandemia (…). Provamos ter uma capacidade de reação muito rápida.”

O desempenho, claro, é visto com bons olhos pelos investidores. Mas será que é um setor seguro para investir? Quais as principais categorias e ativos do agro? Vamos analisar essas e mais questões sobre o investimento em agronegócio.

O que é agronegócio?

Não poderíamos começar a explicar como investir no agronegócio sem antes esclarecer o que quer dizer esse termo, certo? Apesar de ser um setor muito conhecido, podem ficar algumas dúvidas.

A palavra agronegócio começou a ser utilizada na década de 50 e tem por definição: “o coletivo de todas as operações envolvidas na manufatura e distribuição de insumos, na produção e operações de propriedades rurais, o armazenamento e processamento de commodities e demais instituições e empresas envolvidas na cadeia produtiva agrícola e pecuária.”

Vale ressaltar que há no mercado um certo conflito do que se considera agronegócio. Algumas vertentes defendem que deve ser considerado apenas “da porteira para dentro” e outras que incluem os insumos e processos da “porteira para fora”.

De qualquer maneira, consideramos o agronegócio como as atividades econômicas relacionadas à produção e comercialização de produtos agrícolas, como mo café, soja, cana-de-açúcar, etc.

Quer entender melhor como funciona o agronegócio? Então, veja a explicação abaixo, do professor Marcos Fava Neves, titular dos cursos de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAEASP/FGV em São Paulo. Ele é especialista em planejamento estratégico do agronegócio.

Aperte o play para assistir!

Como você já deve ter notado, com o potencial econômico do setor, e a demanda por capital para custear as atividades, naturalmente, surgiram muitas categorias de investimentos focadas no agronegócio. Vamos conferir algumas delas?

Quais são os melhores investimentos em agronegócio?

O agronegócio, como já sabemos, é uma potência e tem impactos consideráveis na economia mundial. Sem contar, é claro, que estamos falando de um setor em constante modernização, que está relacionado a bens indispensáveis para a sobrevivência humana.

Isso, claro, já foi detectado há muito tempo pelo mercado financeiro. Não à toa existem diversos ativos e fundos de investimento do agronegócio.

Para começarmos a lista dos melhores investimentos no agronegócio, vamos citar os de renda variável. Ou seja, ativos que não possuem previsões reais referente à rentabilidade ou valorização.

Dentre os investimentos do agronegócio de renda variável temos:

  • Ações

Na Bolsa de Valores Brasileira, B3, existem alguns nomes relacionados ao setor de agronegócio que abriram seu capital ao mercado. Desta forma, é possível comprar ações de frigoríficos, bioenergéticas, empresas de grãos, cereais, etc.

Hoje, a maior empresa agro, de capital aberto, é a JBS (JBSS3), que, segundo o Estadão, movimenta, diariamente, R$ 300 milhões em negociações. Outros grandes nome presentes na B3 são:

  • RAÍZEN ENERGIA – Bioenergia,
  • COSAN – Bioenergia;
  • MARFRIG GLOBAL FOODS – Proteína Animal
  • BRF – Proteína Animal;
  • SÃO MARTINHO – Bioenergia;
  • BOA SAFRA – Outros (soja)
  • Entre outras.

A todo ano novas empresas do agro abrem seu capital, gerando um aumento da presença do setor na bolsa de valores. Só no ano de 2021 quatro empresas ingressaram na B3 e essa tendência deve se manter nos próximos anos.

Afinal, durante 2020, em plena crise, o agronegócio cresceu 24%, seguindo o caminho contrário de toda a economia, segundo o mesmo artigo do Estadão, citado acima.

O PIB, por exemplo, teve uma retração superior a 4% e o IBovespa (índice da B3) se manteve abaixo da inflação (4,52%), com apenas 2,92% de valorização neste ano.

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  • Fundo de investimento do agronegócio

Outra possibilidade muito interessante entre os melhores investimentos no agronegócio estão os fundos de investimentos. Essa categoria funciona como um condomínio de cotistas que adquirem, em conjunto, ativos variados, determinados por um gestor.

Ou seja, trata-se de um investimento com diversificação, visando a maior rentabilidade possível. Dependendo do fundo escolhido podemos acessar ativos de renda fixa ou variável.

É muito comum, portanto, que os gestores realizem um balanceamento de riscos utilizando a estratégia de investir em diversas frentes do setor.

FIAGRO

Dentre os fundos de investimento do agronegócio também temos o mais recente FIAGRO, ou Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais. Ele foi criado em março de 2021, pela Lei N° 14.130 e aprovado em agosto do mesmo ano pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A ideia é possibilitar que os cotistas financiem empreendimentos no setor de imóveis agrários. Conforme o Art. 20-A:

“São instituídos os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro), a serem constituídos sob a forma de condomínio de natureza especial destinado à aplicação, isolada ou conjuntamente, em:

I – imóveis rurais;

II – participação em sociedades que explorem atividades integrantes da cadeia produtiva agroindustrial;

III – ativos financeiros, títulos de crédito ou valores mobiliários emitidos por pessoas físicas e jurídicas que integrem a cadeia produtiva agroindustrial, na forma de regulamento;

IV – direitos creditórios do agronegócio e títulos de securitização emitidos com lastro em direitos creditórios do agronegócio, inclusive certificados de recebíveis do agronegócio e cotas de fundos de investimento em direitos creditórios e de fundos de investimento em direitos creditórios não padronizados que apliquem mais de 50% (cinquenta por cento) de seu patrimônio nos referidos direitos creditórios;

V – direitos creditórios imobiliários relativos a imóveis rurais e títulos de securitização emitidos com lastro nesses direitos creditórios, inclusive certificados de recebíveis do agronegócio e cotas de fundos de investimento em direitos creditórios e de fundos de investimento em direitos creditórios não padronizados que apliquem mais de 50% (cinquenta por cento) de seu patrimônio nos referidos direitos creditórios;

VI – cotas de fundos de investimento que apliquem mais de 50% (cinquenta por cento) de seu patrimônio nos ativos referidos nos incisos I, II, III, IV e V deste caput.”

O Fiagro é, portanto, um fundo relativamente novo, inspirado nos Fundos Imobiliários. E com grandes chances de se tornar cada vez mais relevante dentre as opções de investimentos em agronegócio.

  • Cédula do Produto Rural

Dentre os melhores investimentos em agronegócio na categoria de renda fixa, temos a Cédula do Produto Rural. Conforme definição do Banco do Brasil, CPR é:

“(…) um título que representa uma promessa de entrega futura de um produto agropecuário, funcionando como um facilitador na produção e comercialização rural.” 

As cédulas podem ser emitidas, conforme a Lei nº 8.929/1994, por produtores rurais, associações e cooperativas. Trata-se de um investimento com prazos maiores, afinal, a emissão ocorre, normalmente, na fase de fertilização ou semeadura

Mas, para o investidor, há a possibilidade de negociar as cédulas antecipadamente, inclusive na bolsa de mercadorias. Na prática, o produtor tem acesso a crédito mais barato e o investidor tem um ativo que gera rentabilidade e pode ser negociado.

É preciso ressaltar que a CPR não possui garantia do FGC, mas é monitorada pela Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos.

4. Certificado de Recebíveis do Agronegócio

Os CRAs, ou Certificados de Recebíveis do Agronegócio, são ativos relacionados a trocas comerciais com um credor ligado ao agronegócio. Não ficou muito claro? Bom, imagine que uma empresa, como a Raízen, vende produtos para uma empresa X, com pagamento parcelado.

Esse valor que o credor (Raízen) terá para receber são os denominados recebíveis. Mas eles não serão comercializados diretamente em uma corretora ou instituição. Para transformá-los em um certificado é preciso o intermédio de uma companhia securitizadora.

Isso quer dizer que as securitizadoras compram os recebíveis e emitem os CRAs. Os certificados, então, podem ser negociados e distribuídos por uma instituição, ou corretora, para o investidor.

O CRA é considerado um dos melhores investimentos no agronegócio por se tratar de um ativo não tributável. Além de oferecer ao investidor diferentes prazos, rentabilidades e, claro, riscos. Esse ativo também não possui a segurança do FGC.

O risco um pouco mais elevado, a liquidez menor e a não tributação fazem com que ele apresente rentabilidade muito superior que os demais ativos de renda fixa.

O grande segredo de investir no CRA é analisar a segurança financeira do credor. Qual a avaliação do mercado em relação ao risco dessa empresa? Muitas corretoras sinalizam essa informação assim que você seleciona um CRA.

Então, busque sempre por esse dado, ok?

5. Letras de Crédito do Agronegócio (LCA)

As letras de crédito do agronegócio são um dos melhores investimentos no agronegócio para atender as necessidades do perfil conservador. Além, é claro, de ser uma ótima opção para balancear os riscos de todas as carteiras.

Afinal, se trata de um ativo mais seguro. Inclusive, as letras de crédito emitidas a partir de 23 de maio de 2013 possuem a cobertura do FGC. Com ela o investidor tem a garantia de R$ 250 mil por CPF, caso aconteça algum problema que comprometa seu investimento.

Na prática, ao investir em LCA estamos “emprestando” um valor ao agronegócio. Mas a transação, claro, ocorre com um intermediador, que pode ser a própria instituição financeira que realiza a emissão das letras de crédito.

Então, resumidamente, o investidor compra as letras de crédito, a instituição obtém um capital considerável e pode aumentar a oferta de crédito ao agronegócio. A remuneração, claro, é o valor total acrescido de uma taxa.

Esse tipo de investimento é visto com bons olhos pelo governo, inclusive, existe sempre a intenção de fomentar o setor. Por isso, o LCA é isento de imposto e tem uma contratação muito simples e rápida.

Como investir no agronegócio? Primeiros passos

Como mencionamos, existem diferentes formas de investir no agronegócio. O passo a passo, portanto, varia conforme a escolha do ativo, ou fundo de investimento. Um ponto em comum é ter uma conta em uma corretora ou, caso prefira, uma instituição bancária de sua confiança.

O segundo passo é verificar qual ou quais ativos correspondem ao seu perfil de investidor, objetivos pretendidos com aquele investimento, prazo e aporte. Além, é claro, de determinar a necessidade de diversificar de forma eficiente a sua carteira.

Como investir em agronegócio? O que considerar? 

Voltando ao passo a passo de como investir no agronegócio… Após selecionar sua corretora ou instituição e traçar seus objetivos, chegou a hora de compreender as variáveis que tornam um investimento no agro mais ou menos indicado para o seu planejamento.

Veja só:

  • Investimento inicial

O capital mínimo necessário para o investimento em agronegócio, assim como a maior parte das variáveis, depende da categoria de investimentos escolhida. Os fundos de investimento, por exemplo, partem, normalmente, de R$100,00.

Já as letras de crédito do agronegócio demandam investimentos maiores, com o mínimo de R$3.000. Os ativos de LCA mais comuns, no entanto, costumam ficar acima dos R$30.000.

Nesse mesmo sentido, de ativos de renda fixa, o investimento inicial para adquirir certificados de recebíveis do agronegócio está na média de R$1.000 a R$ 5.000, nas principais instituições financeiras.

O ideal, portanto, é que o investidor estabeleça qual o seu aporte inicial, se haverá outros mensais e identifique quais são os investimentos correspondentes.

  • Riscos de investir no agronegócio

Como você já deve imaginar, também estamos falando de riscos variáveis. Os investimentos em agronegócio na categoria de renda fixa possuem riscos menores. Principalmente aqueles que estão assegurados pelo FGC.

Em contrapartida, ações, fundos de investimentos e demais ativos de renda variável apresentam riscos maiores. Seguindo, portanto, a flutuação do mercado, com valorizações e desvalorizações baseadas em eventos climáticos, situações sanitárias, interesses, políticas públicas, etc.

É importante ressaltar que, apesar da força do agro, estamos falando de um setor muito sensível a inúmeras variáveis. O que, naturalmente, pode trazer maior insegurança para os investidores menos experientes.

  • Rentabilidade do investimento em agronegócio

Seguindo a ideia do mercado financeiro, ativos com riscos maiores, naturalmente, estão relacionados a maior rentabilidade. Os ativos de renda variável, portanto, costumam apresentar retornos mais interessantes e estão sujeitos às oscilações do mercado.

Nos ativos de renda fixa, temos os pré e pós-fixados. Além do índice, a rentabilidade desses ativos também é impactada pelo prazo do investimento. O LCA, por exemplo, que pode ter prazos a partir de 3 meses, apresenta uma rentabilidade de 93% do CDI ou mais.

Saiba mais:

>>> O que acontece com o aumento da Selic? Tesouro, LCA e Ações!

Outro ponto muito importante para  investir no agronegócio é verificar a rentabilidade real dos ativos. Considerando, portanto, as taxas administrativas, impostos e deduções. Assim, você evitará ser surpreendido no final do período.

Apesar das oscilações e inúmeros fatores que impactam nos investimentos do agronegócio, ele é uma indicação muito interessante para diversificar a carteira.

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