O que é empreendedorismo social? Conheça os negócios que podem mudar o mundo

Aliança entre lucro e propósito. Se você se pergunta o que é empreendedorismo social, aqui está uma pista para começar a entender. 

A definição de empreendedorismo social passa pela criação de um negócio que tem, em seu modelo estrutural, o objetivo de solucionar uma demanda da sociedade. Ao mesmo tempo, e diferentemente de uma organização sem fins lucrativos, opera segundo a lógica do capitalismo, ou seja, visando também ao lucro. 

No Brasil, o empreendedorismo social passou por um boom de crescimento. De acordo com o Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental, da Pipe, o número de empresas registradas como negócios de impacto cresceu 219% entre 2017 e 2021. 

No artigo de hoje, vamos falar sobre este modelo de negócio e mostrar como atuam as chamadas empresas sociais. 

O que é empreendedorismo social?

Empreendedorismo social é um modelo de negócio cuja essência se constrói em torno da resolução de um problema social, econômico ou ambiental

Como pontuamos na introdução do artigo, um empreendedor social é diferente de um gestor de OSC (Organização da Sociedade Civil) na medida em que o primeiro leva em conta a viabilidade econômica de seu projeto, ou seja, espera que ele seja rentável, ainda que seu propósito seja, majoritariamente, o intuito de impactar positivamente o mundo ou a sociedade. 

De acordo com um relatório da Fundação Schwab, divulgado em 2020 no Fórum Econômico Mundial de Davos, o empreendedorismo social impactou mais de 622 milhões de pessoas em escala global nos últimos 20 anos. 

Dados sobre o empreendedorismo social no Brasil 

Para te ajudar a entender mais sobre o que é empreendedorismo social e como ele se coloca no cenário Brasleiro, separamos mais alguns dados interessantes, extraídos do 3º Mapa de Impacto da Pipe, mencionado anteriormente na introdução deste artigo: 

  • A maioria dos negócios sociais mapeados no País está em early stage, ou seja, até 2 anos de existência; 
  • 8 em cada 10 empreendedores de impacto utilizam tecnologias inovadoras em sua gestão (como Inteligência Artificial, Big Data, Chatbot etc); 
  • Apenas 20% dos negócios sociais do País já são sustentáveis financeiramente;
  • 58% dos empreendimentos sociais do Brasil estão na região Sudeste (estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo); 
  • 55% das empresas têm equipes formadas por 2 a 5 profissionais; 
  • 54% dos fundadores são homens e 43% são mulheres. As idades estão majoritariamente entre 30 e 44 anos;
  • as principais verticais de impacto trabalhadas pelos empreendimentos sociais são Tecnologias Verdes, Cidadania, Educação, Saúde, Cidades e Serviços Financeiros.  

A ideia de lucro no empreendedorismo social 

Embora haja um consenso sobre a importância da geração de lucro no empreendedorismo social, algumas correntes apontam para diferentes direções no que diz respeito à aplicação deste montante. 

Uma delas é liderada pelo pioneiro do empreendedorismo social e ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006, Muhammad Yunus. 

Ele defende que os investidores não recebam o lucro de seus empreendimentos. Em vez disso, eles devem apenas recuperar o capital investido na abertura do negócio e, a partir de então, reinvestir o lucro total da empresa em seu próprio desenvolvimento. 

Já a segunda linha de pensamento foi criada por dois professores de Harvard, Michael Chu e Stuart Hart. 

Eles acreditam que a distribuição de lucro entre os empreendedores sociais deveria acontecer na medida em que funcionaria como um estímulo para a atração de novos investidores e captação de mais recursos para a expansão das iniciativas. 

Qual a estrutura de um empreendimento social? 

Seja qual for a sua orientação a respeito da destinação do lucro dos empreendimentos sociais, é importante conhecer os elementos-chave para o funcionamento do negócio. 

Essencialmente, um empreendimento social precisa reunir 3 pilares para embasar sua existência: propósito, inovação e ação. 

  • Propósito: o negócio deve existir a partir da consciência sobre os problemas sociais do ambiente em que se insere. A partir daí, cabe aos empreendedores trabalharem para direcionar seu core business para a solução de um ou mais deles.
  • Inovação: um empreendimento social deve se valer da inovação para repensar formas de conduzir processos e desenvolver soluções. Afinal, a base deste negócio é encaminhar questões que atingem a sociedade em grande escala, mas que não foram, de fato, solucionadas por nenhum órgão ou empresa até então. 
  • Ação: o terceiro pilar essencial para um empreendimento social é a ação. Cabe à empresa se movimentar e mobilizar investidores, parceiros e colaboradores que ajudem a viabilizar a proposta e trabalhar para mantê-la em constante evolução. Um dos caminhos possíveis para viabilizar esta etapa é o uso de recursos provenientes da chamada economia compartilhada. 

Além dos três pilares acima descritos, os empreendimentos sociais tendem a seguir algumas políticas comuns, tais como: 

  • cooperação e trabalho em rede; 
  • atenção à cadeia produtiva (avaliação rigorosa de fornecedores e colaboradores);
  • cuidados com os impactos ambientais gerados;
  • alinhamento e parceria com o poder público para a viabilização de projetos. 

O que é um empreendedor social? Profissionais brasileiros que são referência

Agora você sabe o que é empreendedorismo social e o que caracteriza este modelo de negócio. Que tal conhecer algumas das habilidades presentes nas mentes criadoras (e criativas) destes negócios? 

Empreendedores sociais de sucesso são naturalmente inquietos. O incômodo com problemas sociais é o que os leva ao movimento. Além disso, por valorizar e compreender o papel da sociedade na construção de um futuro sustentável, se relaciona muito bem com diferentes públicos e comunidades. 

Além da habilidade em fazer networking, empreendedores sociais de sucesso são bons gestores. Sabem defender seu negócio em um pitch, entendem aspectos administrativos do negócio e têm alto senso de responsabilidade

Que tal conhecer alguns empreendedores sociais brasileiros que inspiram a transformação positiva? 

1- Celso Athayde (CUFA)

É fundador da Cufa (Central Única das Favelas) e lidera, desde 2015, o Favela Holding, grupo de 22 empresas de diversos setores que desenvolve negócios e gera empregos para moradores de comunidades.

Em maio de 2022, recebeu, do Fórum Econômico Mundial, o prêmio de Empreendedor Social do Ano.

2- David Hertz (Gastromotiva)

Em 2006, o chef e empreendedor social David Hertz fundou a Gastromotiva: uma organização que oferece formações profissionais para que seus alunos se tornem empreendedores, auxiliares e chefs de cozinha, replicadores da sua metodologia.

3- Dani Junco (B2Mamy)

Em 2016, Dani Junco fundou a B2Mamy, hub de inovação e tecnologia com foco no empreendedorismo feminino, estimulando a formação de líderes que são mães e mulheres.. Em 2022, o hub ultrapassa a marca de 50 mil inscritas em sua plataforma digital.

Ideias de empreendedorismo social: exemplos reais para inspirar

No tópico anterior, você conheceu algumas ideias de empreendedorismo encabeçadas por profissionais visionários e dispostos a tornar o mundo um lugar mais inclusivo e menos desigual. 

Mas se você quiser conhecer outros projetos de empreendedorismo social, visite o portal do Projeto Draft, iniciativa jornalística que reúne iniciativas de brasileiros dispostos a aliar lucro e propósito. 

E você? Pronto para se tornar um empreendedor? 

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*Créditos da imagem de capa: Clay Banks em Unsplash

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