Renda fixa: como fica após aumento da Taxa Selic?

Com o aumento da Taxa Selic para 2,75%, aquela pergunta volta à tona: “é hora de investir em renda fixa?”.

Mas não só isso, a recente alta dessa taxa e a sinalização do BC (Banco Central) de uma política mais restrita nos próximos meses estimulam o investidor a fazer uma reavaliação de sua carteira como um todo.

Então, será mesmo que a renda fixa, após as quedas históricas na taxa básica de juros, pode voltar a ocupar um espaço maior nos portfólios daqui para frente?

 

Após a elevação da Selic, a renda fixa é a melhor opção?

“Renda fixa” é um termo genérico para indicar investimentos nos quais as condições de retorno são conhecidas no momento da aplicação, como Tesouro Direto e CDBs.

Se você quiser saber mais detalhes a respeito de renda fixa, temos uma publicação específica sobre isso no blog da Xpeed.

Alguns especialistas estão apontando que os títulos públicos mistos (ou seja, do tipo Tesouro IPCA+, que embutem uma taxa de retorno real e outra indexada à inflação) apresentam-se como boas alternativas no momento.

Isso principalmente por causa da projeção de elevação da inflação no longo prazo.

Segundo o último relatório Focus, do Banco Central, o mercado espera que o índice oficial de preços registre alta de 4,81%, em 2021, e de 3,52%, no ano seguinte.

Dessa forma, não vale a pena pagar por títulos públicos prefixados de curto prazo que estão rendendo taxas próximas dos 8%, pois, no final, você ganhará apenas 4% de lucro anual.

Porém, mesmo para os papéis prefixados de longo prazo, que embutem maior risco e, portanto, maior potencial de retorno, é necessária cautela, já que há muita incerteza quanto à inflação em um horizonte mais amplo.

Apesar da mudança com o início de um ciclo de aperto monetário para combater a inflação no país, por ora, as expectativas apontam para um juro ainda em um nível baixo até dezembro.

Na prática, significa dizer que as aplicações de renda fixa, ou seja, mais conservadoras, não voltarão a pagar retornos expressivos de uma hora para a outra.

Isso até porque a inflação não deve dar trégua tão cedo.

Pesquisa feita pela equipe de fundos da XP com 36 gestores de estratégia multimercado macro ao longo dos dias 15 e 16 do último mês mostrou que a mediana das projeções para a taxa Selic ao fim do ano corresponde a 5%.

O estágio fica pouco acima da previsão dos gestores para a inflação medida pelo IPCA (índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2021, de 4,87%.

Isso significa que o rendimento das aplicações mal cobriria o avanço dos preços na economia, deixando o investidor com um retorno real próximo de zero.

Vale destacar que nem todos os especialistas concordam entre si, então, antes de realizar qualquer investimento, lembre-se de:

  • Alinhar o seu perfil de investidor;
  • E conversar com um consultor ou especialista financeiro.

Isso tudo para decidir qual a melhor alternativa para as suas metas e realidade.

 

Quais parecem ser os melhores investimentos com o aumento da Selic?

Mesmo que os títulos vinculados à inflação (Tesouro IPCA+) estejam aparecendo como atrativos, na escolha de fundos, uma boa opção são os de crédito privado.

Como os fundos de inflação compram e revendem títulos públicos, têm como desvantagem as taxas embutidas na comparação com o Tesouro Direto.

Por outro lado, na categoria de crédito, os ligados ao setor de infraestrutura garantem um prêmio em relação aos títulos públicos e são isentos de Imposto de Renda, o que representa uma diferença de 2% ao ano de resultado líquido.

Outra oportunidade está nos fundos imobiliários de crédito – conhecidos como fundos de recebíveis ou de papel.

Apesar de se tratar de um investimento de renda variável, esse produto tem rendimento geralmente atrelado ao IPCA ou à Selic, somado a uma taxa fixa.

O que isso quer dizer?

Que se tanto a inflação quanto a taxa de juros têm perspectiva de alta, esses FIIs também tendem a se valorizar.

Com um espaço tão limitado para ter ganhos reais neste ano – isto é, um retorno acima da inflação -, gestores e alocadores de recursos também continuam a ver na renda variável brasileira a melhor alternativa à disposição hoje.

Parte do mercado não parece muito preocupado com a queda da Bolsa nos dois primeiros meses do ano, em um contexto de preocupações fiscais, aumento dos casos e do número de mortes por Covid-19 e um ritmo lento de vacinação.

Pelo contrário, tal cenário está sendo tido como oportunidade para ir às compras.

 

A poupança é vantajosa com o aumento de juros?

Essa outra pergunta paira no ara com o aumento da Selic.

Mas os especialista afirmam que, a não ser que se trate de uma aplicação feita na poupança com a regra antiga (válida até maio de 2012) – que considera uma taxa de retorno de 0,50% ao mês – a caderneta sempre perde de outras aplicações na renda fixa.

É importante enfatizar que a poupança rende 70% da Selic, com isenção de Imposto de Renda.

No entanto, em fundos de investimentos, a pior alíquota de IR é de 22,5%.

Dessa forma, mesmo se você comprar um fundo DI de baixa rentabilidade e pagar o máximo de imposto, o ganho, ainda assim, será maior do que o da poupança.

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