O ambiente das organizações, interno ou externo, influencia muito o alinhamento estratégico da TI com os negócios. Na prática, essas áreas atuam lado a lado para ajudar a gestão inteligente de uma empresa, usando novas tecnologias para garantir o máximo aproveitamento dos recursos disponíveis.
Em geral, as diferenças e contrapontos entre esses setores são bem definidos e conhecidos, mas isso não significa que eles devam agir de maneira independente dentro de uma empresa, menos ainda como adversários.
A Gestão de Negócios compreende a visão do mercado e trabalha para gerar valor sobre uma companhia com base nessa perspectiva, enquanto a Tecnologia da Informação usa ferramentas digitais, inteligência e Ciência de Dados para criar soluções mais assertivas.
O desafio aqui é reconhecer a autoridade e respeitar a autonomia de cada área, pois elas atuam em conjunto para elevar a competitividade e tornar a empresa referência em alinhamento estratégico.
Essa é a teoria do alinhamento estratégico entre TI e negócios, um conhecimento importante para quem deseja tirar o melhor proveito dos recursos disponíveis e desenvolver projetos com grandes chances de sucesso.
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Qual o conceito de estratégia?
Não existe uma definição única e universalmente aceita para estratégia.
Segundo Mintzberg e Quinn (2001), o conceito surgiu no setor militar, se referindo ao papel dos generais de um exército e as técnicas que utilizavam para comandar os soldados antes, durante e após as batalhas.
Porém, estes autores relacionam o conceito de estratégia a uma série de pontos de vista diferentes, definindo-a consistentemente como um padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e sequência de ações de uma organização em um todo coerente.
Uma estratégia bem formulada ajuda a ordenar e alocar os recursos de uma organização para uma postura singular e viável, com base em suas competências e deficiências internas relativas, mudanças no ambiente antecipadas e providências contingentes realizadas por oponentes inteligentes.
Uso da tecnologia como vantagem estratégica
Com o crescimento e o surgimento de novas tecnologias, a área de TI passou a ser considerada bem mais que um suporte para as demais áreas organizacionais.
Os executivos de negócio e de TI se depararam com um novo desafio: criar um ambiente de confiança e de colaboração para facilitar a interação de todos os setores internos de uma empresa, promovendo troca de conhecimento entre eles e um direcionamento padronizado.
Nesse sentido, com o mercado atual, globalizado, dinâmico e altamente competitivo, exige-se das organizações uma nova postura, que se apoia no alinhamento estratégico entre TI e negócios para que a gestão seja mais inteligente, aproveitando melhor os recursos disponíveis..
De modo geral, consiste em um conjunto de atividades executadas de forma coordenada pela gerência da organização, com o objetivo de alcançar suas metas estratégicas através da integração de várias áreas funcionais, tais como: TI, administração financeira, marketing, recursos humanos, produção, serviços, dentre outras.
Plano Estratégico de Negócios X Plano Estratégico de TI
A diversidade de informações do mercado atual necessita ser analisada e transformada em conhecimento de valor para uma organização, servindo de insights para o planejamento empresarial e os processos de tomadas de decisões.
Entre os dados que precisam passar por essa abordagem, podemos citar as ações de negócio, oscilações e turbulência do mercado, assim como atividade de concorrentes e do governo. Também devemos considerar fatores internos relevantes, como clientes, fornecedores, produção e vendas.
Para que isso ocorra, é importante que as empresas estruturem a área de TI e os setores dedicados à sua gestão e direcionamento. Ou seja, devem alinhar o Plano Estratégico da Tecnologia da Informação com o Plano Estratégico do Negócio.
Portanto, o alinhamento estratégico da TI com negócios é a adequação entre o planejamento, os objetivos e as ações executadas por uma organização empresarial, usando a capacidade de suporte e resolução de problemas da tecnologia da informação para embasar as atividades da liderança.
De modo geral, decisões estratégicas mais embasadas e com suporte consolidado contribuem para que o padrão estabelecido seja eficiente a longo prazo.
Evolução do alinhamento estratégico entre TI e negócios
Fazendo uma retrospectiva, nos anos de 1980, o principal foco do planejamento era a ligação defendida pela escola de Michael Porter, entre estratégia e o ambiente externo.
O ambiente externo das organizações pode ser analisado, de acordo com a Teoria de Porter, como uma estrutura capaz de interferir na competitividade e de desenvolver estratégias para as empresas aumentarem sua margem competitiva.
Turban, Rainer Jr. e Potter (2005) explicam que as forças competitivas de Porter podem demonstrar como a TI seria capaz de melhorar a competitividade das corporações. Tal modelo reconhece cinco forças principais que poderiam colocar em risco a posição de uma empresa em um determinado setor.
Nesse contexto, os clientes, fornecedores, prospects e os produtos disponíveis no mercado são todos competidores, que podem ter uma influência maior ou menor na estratégia de um negócio, o que varia de acordo com o mercado no qual ela atua..
O estado de competição em um segmento industrial depende das cinco forças básicas. As decisões estratégicas das organizações deverão se basear nas cinco forças competitivas, segundo Porter.
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O que é a Visão Baseada em Recursos (VBR)?
A Visão Baseada em Recursos é uma abordagem que identifica e classifica os ativos de uma empresa com base na vantagem competitiva que eles proporcionam. Assim, ajudam a criar projeções de desempenho e facilitando o planejamento a partir do que é mais recompensador.
Contrapondo-se à escola de Porter, a partir dos anos noventa, a VBR (Visão Baseada em Recursos) foi defendida por autores como Edith Penrose, Jay Barney, Grover S. Kearns, Albert L. Lederer, Birger Wernerfelt, Nelson e Winter.
Segundo eles, uma empresa é um conjunto de recursos, utilizados de acordo com as estratégias criadas pelos seus administradores. Assim, seus produtos e serviços servem para demonstrar sua capacidade de aproveitar esses recursos da melhor maneira possível..
Fleury e Fleury (2003) citam que recursos estratégicos podem ser tangíveis ou intangíveis, sendo difícil a identificação de qual recurso está se referindo. Nesse contexto, ativos tangíveis são mensuráveis, concretos, definidos e replicáveis no mercado.
Os ativos intangíveis, como conhecimento organizacional, não podem ser negociados ou facilmente replicados por competidores, pois estão fortemente enraizados na história e cultura das organizações.
Logo, por gestão estratégica do conhecimento, entende-se como identificar, desenvolver, disseminar e atualizar o conhecimento estrategicamente relevante para as organizações, seja por meio de processos internos ou de externos.
Como definir o valor de um recurso com a VBR?
De acordo com Barney (1991), recursos são todos os ativos, processos organizacionais, atributos, informação, conhecimento e ferramentas controladas pelas organizações, que as tornam capazes de conceber e implementar estratégias que melhorem sua eficiência.
Ele defende que as organizações não podem ser consideradas idênticas, bem como os recursos reais são heterogêneos (originais) e imóveis (não são adquiridos).
Para Barney (1991) e Wernerfelt (1995), a visualização baseada em recursos (VBR) é um modelo de interpretação que relaciona os recursos organizacionais à vantagem competitiva sustentável.
Assim, a vantagem competitiva de um recurso é aquela que o faz difícil de ser duplicado, transformando-o em algo valioso, raro, difícil de ser imitado ou mesmo insubstituível.
No nível estratégico, os sistemas formais são facilmente ‘copiados’ e reproduzidos, ou seja, são recorrentes, seguem práticas conhecidas e não agregam valor competitivo. Por outro lado, sistemas informais são desenvolvidos de maneira personalizada e autônoma, difícil de ser replicada.
Wernerfelt (1995) explica que a análise das empresas é feita sob a perspectiva dos recursos, diferente da perspectiva tradicional de produtos (principalmente às empresas diversificadas).
Com a identificação de recursos, pode-se chegar a altos lucros. A estratégia, para uma grande organização, exige que se alcance um equilíbrio entre a exploração dos recursos existentes e o desenvolvimento de novos recursos.
Como funciona o alinhamento estratégico entre TI e os negócios pela VBR?
De acordo com Kearns e Lederer (2003), à luz do modelo de VBR, pode-se afirmar que o alinhamento estratégico de TI e negócios confirmam as ferramentas e setores tecnológicos como recursos da gestão empresarial.
Os sistemas de informação (SI), passam a ser vistos como aplicações estratégicas para representar vantagem competitiva sustentável, podem promover esta diferenciação.
Este conceito começou a ser sistematicamente entendido e implementado a partir da introdução do modelo de Henderson e Venkatraman em 1993.
Embora existam diversos modelos de alinhamento estratégico da TI com os negócios, a proposta mais aceita conta com quatro áreas de domínio, são elas:
- estratégia de negócios
- infraestrutura e processos organizacionais
- estratégia de TI
- infraestrutura e processos de TI.
O que se pretende é integrar e ajustar, por exemplo, o escopo de tecnologia com o escopo de negócio, a arquitetura de TI com a infraestrutura administrativa, e assim sucessivamente.
Ainda existe um paradoxo com relação ao investimento ocorrido nas áreas de TI em relação à produtividade.
É que apenas investir em tecnologias, introduzir novos artefatos de hardware e software não garantem um aumento de produtividade do pessoal, melhoria de processos e vantagem competitiva.
< Entenda o que separa os conceitos de tecnologia e sistemas da informação: Qual a diferença entre TI e SI? Conheça as áreas />
3 motivos para investir no alinhamento estratégico entre TI e negócios
A essa altura, já temos uma perspectiva completa dos desafios que acompanham o alinhamento estratégico entre as áreas de TI e negócios. O que falta é consolidar os motivos para investir nesse modelo de gestão.
Nesse ponto, podemos destacar as seguintes razões para seguir essa visão de negócios:
1. Aproveitar os benefícios da TI para a rotina operacional
De início, podemos entender que a área de TI é capaz de dar acesso a uma série de benefícios para o dia a dia de uma organização, independente da sua área de atuação.
Ela promove ferramentas e processos mais adequados para atender a demanda de rotina, aumentando a produtividade e a capacidade produtiva de uma equipe.
Para a gestão, a vantagem pode ser percebida pelo acompanhamento facilitado de performance, ganho organizacional e a possibilidade de obter insights e promover melhorias com maior eficiência e agilidade.
2. Definir objetivos mais assertivos e uniformes
Esse alinhamento é essencial para diminuir os conflitos internos, aumentar a colaboração entre times e estabelecer objetivos mais assertivos para a empresa.
Ao manter diferentes setores em um fluxo independente, eles tendem a priorizar apenas suas metas, sem considerar a perspectiva geral e que é bom para toda a companhia. Por outro lado, traçar planos com um direcionamento único pode estimular todos os colaboradores a se ajudarem.
Efetivamente, isso pode aumentar ainda mais o valor agregado dos recursos e o retorno obtido com sua utilização inteligente.
3. Gerar inovação e alavancagem para os negócios
A inteligência agregada pela área de TI ajuda a promover atividades mais eficientes em diferentes setores, com tarefas automatizadas, monitoramento de métricas e visibilidade para problemas e soluções ideais.
Esse ciclo gera um movimento ininterrupto, que favorece a adoção, mesmo que gradativa, de inovações tecnológicas para as atividades de uma equipe, tornando sua operação mais eficiente e promissora, o que pode alavancar seus resultados.
Na prática, é isso que podemos perceber quando o conceito de Big Data começou a ganhar espaço no ramo empresarial, gerando estratégias e desenvolvimento de recursos em um volume inédito.
Como superar os desafios do alinhamento estratégico?
Um dos maiores desafios dos executivos de negócios e de TI é criar um ambiente de confiança e de colaboração para facilitar a interação entre as áreas, ou seja, alinhar a TI com os negócios.
Concluindo, as áreas de TI, também, precisam demonstrar sua capacidade de ser um agente de transformação dentro das organizações e participar diretamente na tomada de decisões.
Este processo de mudança requer aprendizado e deve ser evolutivo. Para buscar ser reconhecida como transformadora, a TI deve iniciar o desenvolvimento de aplicações táticas inovadoras que não apresentem impacto à organização, mas sustentabilidade a longo prazo.
A VBR, portanto, se colocada em prática, pode promover e potencializar a TI para o patamar que ela merece estar.
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