Conheça os 10 principais tipos de inflação e como eles impactam seus investimentos

Você sabia que existem uma variedade de tipos de inflação e conhecê-los bem pode ser muito importante para que você entenda quais fatores estão interferindo na política de preços da economia de um país?

Especialmente para quem lida com investimentos, esse indicadores macroeconômicos e seus fatores influenciadores podem dizer muito não só sobre as condições políticas e econômicas de um país ou ente federativo, mas também sobre o mercado financeiro e os papéis que prosperam ou geram prejuízos.

Pensando nisso, preparamos um conteúdo exclusivo com os dez principais tipos de inflação e a importância de cada um desses exemplos para analisarmos a alta dos preços.

Ficou curioso? Continue a leitura até o fim para entender melhor! 

Qual o conceito por trás dos tipos de inflação?

Os tipos de inflação são determinados tanto em função das causas que levaram ao aumento sistemático de preços, como também pela maneira e intensidade que esse crescimento dos índices inflacionários afetou a economia. 

Em definição clara, a inflação representa o aumento contínuo e generalizado do preço de produtos e serviços em um tempo e espaço pré-definido. É por meio dela que é possível monitorar  as condições de oferta e demanda do mercado, além de termos um bom indicativo de como anda o poder de compra do consumidor.

Os principais indicadores para se calcular a inflação no Brasil são os seguintes:

  • Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA): é o mais popular e mais utilizado indicador de cálculo da inflação no país. Ele tem como objetivo medir o fenômeno inflacionário relativo ao preço de um conjunto de produtos do varejo e relacionado ao consumo cotidiano das famílias brasileiras.
  • Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M): esse indicador é calculado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) é utilizado especialmente para a realização de correções de contratos de aluguel, tarifas de energia, planos de saúde e mensalidades escolares. Ele também é usado com termômetro das oscilações de mercado.

Portanto, enquanto o IPCA traz informações mais abrangentes e mostra o impacto da inflação no dia a dia do cidadão, o IGP-M é utilizado para monitoramento específico de alguns preços, principalmente, do aluguel imobiliário e da energia. 

No tópico seguinte, vamos mostrar como os vários tipos de inflação têm uma relação direta com as causas que levaram à elevação dos preços.

>>> Quer aprender como os indicadores de macroeconomia interferem nos seus investimentos? Confira o vídeo do canal Investimento às Claras sobre o tema:

Quais são os principais tipos de inflação?

Agora que você entendeu o que é inflação e como esse fenômeno se manifesta na economia, vamos abordar neste tópico os exemplos de inflação mais conhecidos e suas peculiaridades.

Confira!

1. Inflação de custo

Também conhecida como inflação de oferta, essa classificação reflete uma das mais comuns causas de aumento de preço na economia. Ela acontece quando há altas específicas em insumos de produção.

Que altas, por exemplo, influenciam na inflação de custo? 

Nesse cenário, o aumento de preços acontece como uma forma de equilibrar o custo e o valor da oferta de produtos.

2. Inflação estrutural

Esse fenômeno se manifesta quando a alta dos preços generalizada em um país, por exemplo, ocorre como resultado das condições defasadas de infraestrutura. 

Afinal, problemas estruturais podem encarecer e dificultar bastante todo o processo produtivo e o impacto acaba chegando no outro extremo da cadeia: no preço ao consumidor final.

O Brasil possui um caso emblemático negativo nos últimos anos para exemplificar esse exemplo de inflação. Pela precariedade na diversificação de modais para transporte de carga no país, a greve dos caminhoneiros de maio de 2018 praticamente suspendeu a movimentação de mercadorias durante 10 dias.

Essa manifestação somada à forte dependência brasileira ao setor rodoviário fez o índice de inflação subir de 0,4%, em maio, para 1,26%, no mês junho, segundo o portal IG.

3. Inflação inercial

A inflação inercial possui uma âncora muito mais psicológica e especulativa do que propriamente refletir uma realidade factual da oferta e demanda. Esse tipo, na verdade, é ancorado por um fato denominado pelos economistas como “memória inflacionária”.

Mas o que isso quer dizer?

Quer dizer que a economia possui alguns eventos cíclicos que se repetem na história, o que acaba criando determinadas tendências que o mercado consegue prever e automaticamente precificá-la.

Por exemplo, os reajustes salariais anual já possuem um impacto inercial na inflação e já é precificado antes mesmo que ele aconteça.

4. Inflação espiral

A inflação espiral é um reflexo direto da inercial e demonstra como a economia percorre caminhos cíclicos para manter seu equilíbrio ao longo do tempo.

Imagine o cenário que desenhamos no exemplo anterior: reajustes salariais surgem periodicamente para corrigir e recuperar o poder de compra do consumidor em um cenário de inflação. Portanto, esse aumento de proventos já é por si só uma resposta ao aumento sistemático de preços do dia a dia.

Entretanto, colocar mais dinheiro na mão do trabalhador também é uma forma de fazer circular mais dinheiro e aumentar a demanda por produtos e serviços. Dessa forma, para suprir a dinâmica de consumo desse novo cenário, há uma tendência de nova alta nos preços praticados.

Essa repercussão de eventos de forma repetida e em espiral é que resulta no nome desse exemplo de inflação.

5. Inflação global

Em um mundo cada vez mais globalizado e com fronteiras flexíveis e crescimento de blocos econômicos, algumas tendências inflacionárias podem ser percebidas de forma simultânea. 

Por exemplo, quando países do G20 (grupo que concentra as 20 principais economias do mundo) registram aumentos similares dos indicadores de preço, isso significa que está ocorrendo um fenômeno de inflação global.

Imagine uma alta de valores das commodities, como a soja. Esse produto estratégico do agronegócio brasileiro é exportado para inúmeros países mundo afora. Sendo assim, um aumento do seu preço impacta diretamente na inflação conjunta de diversas nações.

6. Estagflação

Esse termo consiste na junção da palavra “estagnação” com “inflação” e, diferentemente dos outros exemplos citados até aqui, ele leva em consideração outro indicador que se soma ao aumento de preços: o de crescimento econômico. 

Mais especificamente, ele associa a inflação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de um país. Afinal, é o crescimento ou diminuição do PIB, calculado geralmente de forma trimestral, que funciona como principal termômetro do crescimento ou não da economia.

Nesse sentido, a estagflação manifesta-se quando há uma disparada de preços sem o acompanhamento de um crescimento econômico que suporte essa demanda.

Em outras palavras, esse é um dos piores cenários que qualquer país ou ente federativo pode estar. Pois o poder aquisitivo da população não dá conta dos novos preços e, assim, sua capacidade de compra é corroída.

7. Inflação de demanda

A inflação de demanda é facilmente identificada. Afinal, ela é regida pela lei universal do mercado: a oferta e a demanda.

Em resumo, ela acontece quando a disponibilidade ofertada não consegue suprir a demanda por produtos e serviços. Consequentemente, como eles tornam-se mais raros e acessíveis para poucos, há assim um natural aumento de preços.

Um fato relevante no Brasil de 2021 é interessante para ilustrar tanto esse como outros tipos de inflação: a crise hídrica.

O consumo de energia, invariavelmente, possui uma alta demanda, pois esse serviço tornou-se uma necessidade incontornável no nosso mundo moderno. Especialmente em tempos tão conectados de transformação digital, o consumo de energia tornou-se ainda mais crucial.

Nesse contexto, a capacidade dos reservatórios de água que suprem o fornecimento de energia das hidrelétricas ficou extremamente baixa, enquanto o consumo por parte da população não diminuiu.

Esse desequilíbrio, por sua vez, vem impactando em constantes aumentos nas tarifas de energia elétrica cobradas no país. Para se ter uma ideia, até outubro deste ano, o aumento acumulado da tarifa já chegou ao patamar de 24,97%, segundo dados do IBGE.

8. Hiperinflação

A hiperinflação é um dos tipos de inflação mais simples de definir. Assim como a própria denominação indica, esse termo diz respeito aos índices de inflação que superam a barreira dos dois dígitos percentuais e fogem totalmente ao controle do equilíbrio econômico.

Na América Latina, por exemplo, temos dois países que já alguns anos enfrentam o problema da hiperinflação: a Argentina e a Venezuela.

Enquanto o primeiro atingiu números absurdos de 250% entre janeiro e maio de 2021, segundo o UOL, analistas prevêem que o segundo terminará o ano com um índice inflacionário entre 50 e 51% no acumulado de 12 meses desse ano, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC).

9. Inflação reprimida

Esse é um dos tipos de inflação que mais sinalizam a influência do Estado na economia. Esse é um dos fenômenos inflacionários mais irônicos, pois ele geralmente se manifesta após uma política de congelamento de preços por parte de governos com o objetivo, justamente, de conter o aumento descontrolado de preços.

Dessa forma, ao impor teto e limites sobre os valores praticados para que ele não fique muito caro ao consumidor, no longo prazo, acaba acontecendo o efeito reverso.

Como assim? Imagine a seguinte situação: imagine que uma fábrica de macarrão tenha um custo de produção de R$ 6 reais por cada pacotinho de 500g do produto. Por outro lado, o Estado interfere na política de preços e define que cada pacote de macarrão deve custar no máximo R$5?

Nesse contexto, o valor a ser ofertado seria mais barato do que o custo que o produtor teve para levar o item até a prateleira do supermercado. Portanto, por razões óbvias, essa empresa acaba por abandonar o mercado e gera escassez desse produto no dia a dia do consumidor.

Por fim, a escassez somada à alta demanda acaba ocasionando um ciclo de inflação reprimida.

10. Inflação monetária

Finalizando nossa lista de tipos de inflação, temos a monetária. Esse é mais um exemplo de inflação cujo principal fator agravante é uma política de estado.

Ela acontece, especialmente, quando o Banco Central de algum país começa a imprimir dinheiro de forma descontrolada. Dessa forma, como o dinheiro é o elemento remunerado em uma cultura comercial, se ele circula de forma desproporcional à quantidade de produtos e serviços disponíveis, acaba gerando aumento sistemático de preços.

Portanto, para evitar esse tipo de situação, o governo deve seguir algumas boas práticas de gestão econômica para não injetar papel moeda em excesso. Um deles é verificar quanto dinheiro os bancos e demais instituições financeiras podem emprestar de acordo com o que possuem em suas reservas.

Os tipos de inflação e seus investimentos

Gostou do conteúdo? Entendeu direitinho como funcionam os principais tipos de inflação? Pois saiba que indicadores como o IPCA e o IGP-M podem ter impacto direto nos seus investimentos financeiros.

Por exemplo, há até ativos de renda fixa como o Tesouro IPCA+ cuja rentabilidade é influenciada diretamente pela alta desse índice.

Já na renda variável, o aumento ou a queda do IGP-M pode afetar também os rendimentos pagos por títulos atrelados a contratos do setor imobiliário, como o LCI, CRI ou cotas e dividendos de fundos imobiliários.

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Em última instância, uma inflação descontrolada afeta até os fatores de risco de um país, o que pode acarretar em queda de investimentos e diminuição do índice das principais ações negociadas na B3, o IBovespa.

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Portanto, quanto mais o investidor conhece sobre inflação e outros indicadores macroeconômicos, mais preparado ele estará para investir e proteger a rentabilidade de sua carteira.

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