Se você ainda nunca ouviu falar do COE, preste atenção neste texto, pois você ficará sabendo de características que dificilmente você enxerga em outros investimentos.
Para se ter ideia, regulamentado em 2014, o Certificado de Operações Estruturadas possui aptidões tanto da renda fixa quanto da renda variável.
Dá só uma olhada nos tópicos seguintes sobre esses assunto para entender melhor do que estamos falando.
O que é COE
O COE (Certificado de Operações Estruturadas) tem como proposta combinar a proteção oferecida pela renda fixa com a possibilidade de ganhos maiores fornecida pela renda variável e ainda acessar ativos internacionais.
Disponíveis há alguns anos aos investidores brasileiros (desde 2014), os Certificados de Operações Estruturadas se parecem bastante com as “notas estruturadas”, populares nos Estados Unidos e na Europa.
De qualquer forma, o COE tem:
- Um valor mínimo de investimento;
- Um indexador definido;
- Uma data de vencimento;
- Uma série de cenários diferentes de ganhos e perdas.
Por isso, ele é um produto que tanto pode atender os investidores mais conservadores – ainda hesitantes de aplicar em mercados mais agitados -, quanto investidores experientes – que buscam diversificar suas aplicações em mercados mais sofisticados.
Como funciona
Além de ser um produto relativamente novo no mercado brasileiro, possui características bem diferentes dos investimentos mais conhecidos por aqui.
Abaixo, você notará melhor esses pontos…
Emissão e registro
Emitidos pelos bancos, os COEs precisam ser registrados junto à B3 de acordo com a regulação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Antes de 2015, eles eram distribuídos apenas de maneira privada, sem publicidade. Por isso, acabavam circulando entre os clientes de alta renda de bancos.
Porém, uma instrução da CVM permitiu que eles também passassem a ser vendidos por corretoras e distribuidoras de valores.
Para tal, essas instituições precisam fornecer o DIE (Documento de Informações Essenciais), que detalha todas as características do COE, como:
- Funcionamento do produto;
- Previsão de fluxo de pagamentos;
- Riscos envolvidos;
- Garantias e prazos;
- Expectativa de rentabilidade e por aí vai.
Além do DIE, antes de fazer o investimento, o investidor também precisa receber um termo de ciência de risco.
Rentabilidade e tipos de COE
Os COEs podem adotar estratégias bastante variadas, até por isso a rentabilidade depende principalmente do tipo de aplicação feito em cada produto.
Exemplo: um COE de ações pode ter um desempenho muito diferente de um COE focado em ativos de renda fixa ou em moedas.
E uma característica fundamental divide esses certificados em 2 grupos – tem a ver com uma garantia que pode ser oferecida pelos emissores:
- COE de Valor Nominal Protegido: garante que o investidor receberá de volta no mínimo o valor que investiu inicialmente, mesmo que os ativos de referência do produto tenham um desempenho negativo;
- COE de Valor Nominal em Risco: aqui, há nenhuma garantia, com o investidor podendo perder até o limite do capital que foi inicialmente investido.
Ativos e indexadores
As estratégias para os COEs podem estar atreladas a uma variedade de ativos de referência, e as rentabilidade são baseadas no desempenho desses indexadores no período de vigência do certificado.
Entre os ativos de referência estão:
- Juros;
- Moedas;
- Ouro;
- Commodities;
- Índices de inflação;
- E por aí vai.
Valor mínimo de investimento
O valor mínimo de investimento em um COE varia de produto para produto, com os emissores estabelecendo esse número de acordo com:
- O nível de complexidade da aplicação;
- O patamar de risco embutido;
- O potencial de ganho.
- E outros.
De qualquer modo, saiba que quanto mais sofisticado for o COE, maior tende a ser o valor mínimo de investimento.
E, por último, muitos COEs são emitidos com valores mínimos a partir de R$ 5.000 – isso torna o produto relativamente acessível para diversos públicos de investidores.
Imposto de Renda
Incide Imposto de Renda sobre o rendimentos dos COEs, seguindo a mesma tabela regressiva aplicada à renda fixa.
Isso quer dizer que as alíquotas variam de 22,5% a 15%, de acordo com o prazo da aplicação.
Se o investimento for mantido por menos de seis meses, o IR incidirá pela alíquota mais alta (22,5%).
Por outro lado, a alíquota mais baixa só é aplicada se o investimento for mantido por dois anos ou mais.
Embora possa ter ações como ativos de referência, os COEs não têm alguns benefícios fiscais que se aplicam à renda variável, como: as perdas realizadas em operações com os certificados não podem servir para compensar os ganhos em operações com ações.
Custos e taxas
A depender da corretora, a negociação dos COEs pode envolver algumas taxas.
Dessa forma, algumas cobram corretagem, outras estabelecem um valor de custódia – espécie de “aluguel” pago pelo investidor pela guarda dos recursos e investimentos.
Muitos lugares, porém, isentam os investidores de todos esses custos, como é o caso da XP Investimentos.
Risco e liquidez
Entenda: investir em COEs envolve 3 riscos principais, como:
- Risco de crédito do emissor: isso quer dizer que se a instituição financeira passar por alguma dificuldade, também há impacto sobre os COEs. Além disso, os certificados não são cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC);
- Custo de oportunidade: ou seja, para ter a garantia de receber o investimento inicial de volta, o investidor “desiste” da rentabilidade de outra aplicação;
- Risco de liquidez: A data de vencimento fixa dos COEs, normalmente, não ocorre no curto prazo. Via de regra, os certificados são emitidos com prazos de pelo menos dois ou três anos.
Resgate antecipado de COE
Se o investidor precisar do dinheiro de volta antes do vencimento do COE, há a alternativa de negociá-lo no mercado secundário.
Nesse caso, as corretoras intermediam esse tipo de operação e o certificado pode ser vendido diretamente a outro investidor que esteja interessado.
Porém, existe uma implicação: o produto é vendido pelo seu preço de mercado e, assim, a rentabilidade acertada no momento do investimento pode não ser adquirida.
Vantagens e desvantagens de investir em COE
Como os COEs possuem ativos de referência muito variados, os investidores podem ter acesso à rentabilidade de ativos mais sofisticados – como ações internacionais ou moedas – de modo simples.
Além disso, é possível obter retorno em diferentes cenários, já que há COEs em que o investidor se beneficia com o mercado bem, mas também outros com o mercado mal.
Existem ainda produtos em que o retorno para o investidor é positivo nos dois casos.
Outro ponto interessante é a garantia de receber de volta o investimento inicial, prevista em muitos COEs, pois dá segurança aos investidores que não são de investir em opções mais arriscadas.
Assim, trata-se de um investimento que ajuda a diversificar a carteira do investidor, pois permite atuar em cenários que dificilmente obteria ganhos sem correr grandes riscos.
O fato de todas as aplicações feitas pelo COE poderem ser acompanhadas juntas, em pacote, e não uma por uma também chama a atenção.
No entanto, as desvantagens estão relacionadas principalmente à liquidez, já que não é possível resgatar um COE antes do vencimento.