Já ouviu falar na Demissão Silenciosa, ou quiet quitting? Esse fenômeno, tem se popularizado entre os jovens, ganhou força no Tik Tok nos últimos meses e trata-se, simplesmente, de fazer o mínimo.
Isso mesmo que você ouviu, o mínimo.
Num mercado de trabalho que exige que os profissionais sejam cada vez mais workaholics, como esse evento se tornou tão popular? Bom, é sobre isso que abordaremos neste artigo.
Mas, antes disso, é importante ressaltar que a demissão silenciosa é, muitas vezes, relacionada ao termo “a grande demissão”, mas eles são diferentes.
A “grande demissão” recebeu esse nome por Anthony Klotz, professor de psicologia da UCL School of Management, em Londres, e diz respeito a onda de demissões voluntárias que têm ocorrido ao redor do mundo por profissionais que buscam um equilíbrio maior entre o trabalho e a vida pessoal.
O objetivo dos dois tipos de demissão é o mesmo: buscar maior saúde mental e melhores condições de trabalho. No entanto, a forma na qual são feitas divergem.
Vamos aprender mais sobre? Continue a leitura!
O que é a demissão silenciosa?
Conhecida também por “quiet quitting”, a demissão silenciosa é um movimento que surgiu na internet e é formado por indivíduos que acreditam que é possível buscar um ambiente de trabalho onde se possa equilibrar vida pessoal e profissional.
Ao contrário do que muitos pensam, a demissão silenciosa não significa que um pedido de demissão está sendo feito. Na realidade, o propósito é fazer, simplesmente, o que o profissional foi pago para fazer e nada além.
Nós sabemos que você já trabalhou em uma empresa onde pessoas adoecem por serem aqueles profissionais que “vestem a camisa da empresa”.
Atenção: vestir a camisa da empresa não é um problema. O problema é ser cobrado e ser levado até a exaustão produzindo demandas nas quais você não foi contratado e nem é pago para fazê-las.
A proposta do movimento é, simplesmente, estabelecer limites. Ou seja, o seu horário de trabalho é para o trabalho, e o seu horário fora dele é o seu momento pessoal, sem ligações, mensagens ou demandas urgentes.
Como surgiu o movimento quiet quitting?
Com a pandemia e o período inicial pós-pandemia, a Síndrome de Burnout atacando tantos profissionais, as mudanças entre modelo de trabalho presencial, remoto e híbrido transformou muitas pessoas.
As horas de trabalho aumentaram, visto que o crescimento é proporcional às demandas e, com isso, muitos profissionais se viram com dificuldades para estabelecer limites entre o trabalho e a vida pessoal.
Assim, foi com a hashtag #QuietQuitting e debates acerca do tema que o fenômeno começou a ganhar força e visibilidade ao redor do globo.
A demissão silenciosa é uma tendência das gerações Y e Z?
Segundo estudo da consultoria Deloitte, jovens estão, cada vez mais, à procura de empregos mais flexíveis e cheios de propósito, além de satisfação e equilíbrio.
Aquela ideia de “viver para o trabalho” já não encanta mais os olhos de muitos profissionais jovens. A tendência da demissão silenciosa é mais forte sim entre a geração Z e os millennials (também chamados geração Y).
Essas gerações têm buscado reescrever as regras do ambiente de trabalho mostrando a sua insatisfação e como, muitas vezes, as oportunidades de empregos têm sido precárias.
Impactos da demissão silenciosa no mercado de trabalho
O impacto já está acontecendo e os números impressionam: cerca de 2,9 milhões de profissionais brasileiros pediram para sair do emprego entre janeiro e maio de 2022. São quase 1 milhão de pessoas deixando os seus trabalhos no período de um mês.
Esse é um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – Firjan, que usou como base de dados o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged, que comprova que esse é o maior índice desde 2005.
E as mudanças não têm ocorrido apenas no Brasil: nos Estados Unidos, por sua vez, é possível observar uma mudança forte de cultura em relação aos workaholics, que são pessoas viciadas em trabalho.
Assim, a temática da demissão silenciosa tem entrado, com muita repercussão, nos feeds das redes sociais brasileiras e mundiais.
O que a lei trabalhista diz sobre a demissão silenciosa?
Segundo a Lei Trabalhista Brasileira, o profissional precisa ter descanso semanal remunerado, férias anuais remuneradas e tem direito a 11 horas de intervalo entre dois dias de expediente, assim afirma o advogado Marcel Zangiácomo, em entrevista para o Canaltech.
Mas o termo demissão silenciosa, por ainda ser muito novo e desconhecido por diversas pessoas, ainda não está presente na legislação trabalhista.
Por isso é importante estar sempre atento aos contratos de trabalho e as relações entre empregador e empregado.
Quais as principais causas da demissão silenciosa?
Conheça algumas delas:
Mudança da cultura workaholic
Com a fixação na cultura de profissionais “viciados em trabalho” as demandas têm aumentado, metas cada vez mais ambiciosas que influenciam tanto no ambiente de trabalho quanto nas relações fora dele.
Os problemas advindos dessa alta carga de trabalho tem feito muitos profissionais buscarem ambientes profissionais mais saudáveis, com melhor comunicação e com a busca constante de melhorias para os indivíduos.
Burnout
Conhecida também por “esgotamento profissional”, a Síndrome de Burnout foi oficializada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como um distúrbio de esgotamento ou exaustão resultantes do trabalho em 2019.
O excesso de trabalho pode acarretar o Burnout e ele, por sua vez, traz impactos negativos a longo prazo para todos os âmbitos de um indivíduo, seja físico, emocional e mental.
Desmotivação no trabalho ou na empresa
Situações onde o profissional é contratado para fazer x e, na realidade, faz y; não adequação à cultura da empresa; expectativas não alcançadas; frustrações; clima organizacional tóxico e ausência de possibilidade de crescimento e de plano de carreira dentro de uma empresa são alguns dos fatores que influenciam o desejo do profissional buscar a demissão silenciosa.
Falta de liderança
Se não houver um líder honesto, franco, reflexivo, empático e respeitoso liderando uma equipe, não haverá norteamento, os liderados não entenderão o propósito da empresa nem muito menos como buscar o crescimento dentro dela.
Assim, com a ausência de uma figura de liderança, a demissão silenciosa se faz mais presente.
Como identificar os sinais de demissão silenciosa na empresa?
Não é à toa que o nome do fenômeno é sinônimo de silêncio: o quiet quitting é realmente silencioso.
Por isso, atenção nos seguintes pontos:
- Queda no rendimento;
- Entregas lentas;
- Baixa qualidade nas entregas;
- Profissionais dentro da zona de conforto;
- Pessoas em desilusão com a progressão na empresa.
Além disso, é importante entender o problema da demissão silenciosa, enxergar bem as causas (que tal mapeá-las?) e fazer estudos de clima organizacional para entender como a empresa tem funcionado.
Como as empresas podem evitar a demissão silenciosa?
A priori, entendendo que os funcionários precisam encontrar um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Esse fator, inclusive, afeta fortemente no desempenho do profissional, a ausência desses limites, por sua vez, pode acarretar na Síndrome de Burnout.
Ademais, é importante que as empresas compreendam sua obrigação legal de conceder um ambiente de trabalho saudável e salubre e investir na capacitação, motivação e cuidados psicológicos que seus funcionários precisam ter.
Considerações finais
O propósito do trabalho tem mudado para as novas gerações. Em pouco tempo, eles dominarão o mercado. Logo, as empresas precisam dar atenção às demandas e propostas disseminadas por esse grupo.
Aos profissionais de Recursos Humanos, cabe a atenção constante nesses movimentos e nas ações dos profissionais dentro da empresa, além de criar projetos para valorizá-los e buscar a garantia do bem-estar dos mesmos.
Aprenda mais lendo os seguintes artigos:
<Leia mais: Absenteísmo no trabalho: o que é, quais as causas e como diminuir/>
<Leia mais: Gamificação: o que é e como aplicar em Gestão de Pessoas/>