Se você está pensando em mergulhar de cabeça no mundo dos investimentos, o primeiro passo é entender como ele funciona na prática. É por isso que, antes de tudo, você precisa estudar bastante. Um dos pontos cruciais nessa jornada é compreender as nomenclaturas que o mercado utiliza. E uma das principais é deságio.
Seja na compra de ações, títulos ou qualquer tipo de ativo de renda fixa, é importante considerar o deságio em suas operações, principalmente por ele estar ligado diretamente com as oscilações do mercado. Veja a seguir tudo o que você precisa saber sobre o tema e como tirar melhor proveito disso.
O que é deságio em investimentos
Geralmente, as principais dúvidas deste tema são: o que é e o que significa deságio? Para simplificar, saiba que o deságio nada mais é do que a diferença entre o valor nominal do investimento e aquele em que ele realmente foi comprado ou vendido. Basicamente, estamos falando das oscilações que os investimentos estão sujeitos a ter.
Entender como esse processo funciona é crucial para você traçar uma estratégia de investimentos coesa e evitar grandes perdas durante as operações. Mais do que isso: saber calcular o deságio vai permitir que o investidor busque ganhos com mais assertividade, evitando, assim, algumas oscilações mais bruscas que podem acontecer com vários ativos.
Ágio e deságio: qual a diferença
Explicando de um jeito prático e direto: ágio é quando você paga pelo investimento abaixo de um valor que ele vale nominalmente; já o deságio é ao contrário, ou seja, é quando você paga por um ativo quando ele está descontado com relação ao seu valor nominal, podendo, assim, ter uma chance de lucrar mais com o ativo devido a sua maior volatilidade. E se você estiver pensando: “legal, mas e se ele estiver no valor de mercado?”, saiba que, nessa situação, o mercado trata como uma negociação “a par”, ou seja, que está dentro do valuation da companhia – que nada mais é do que o valor real da empresa (quantitativo).
Exemplos práticos de deságio
Para entender melhor como isso funciona, nada melhor do que aplicar alguns exemplos na prática, não é mesmo? Por isso, confira a seguir algumas demonstrações de deságio aplicadas a diferentes modalidades de investimentos.
Deságio aplicado em títulos públicos
O principal título público que existe hoje no Brasil é o Tesouro Direto. Para calcular o deságio na aplicação de títulos como esse, é importante ficar de olho nas taxas de compra e venda, que são definidas de acordo com a lei de oferta e procura desses ativos. Um exemplo prático nessa ocasião é: imagine que você comprou o título a um preço pré-fixado até o ano de 2030, mas que, antes do vencimento, precisou vendê-lo. Nesse caso, o Tesouro se compromete a recomprá-lo, porém com um valor menor do que ele efetivamente vale no mercado.
Sendo assim, nessa operação você estará vendendo o ativo com ágio, mas o Tesouro estará comprando com deságio.
Deságio aplicado em ações
Para facilitar o seu entendimento de ágio e deságio, mas agora aplicado em ações, preste atenção no exemplo a seguir.
Imagine que você esteja observando a empresa Y na Bolsa de Valores há 3 meses e que o seu maior valor no período tenha sido de R$ 10. Porém, por conta de uma notícia negativa em seu setor de atuação, o valor da ação despencou para R$ 9 em apenas uma semana, ou seja, uma desvalorização de 10%. Essa diferença negativa é considerada um ágio do ativo.
Embora o momento seja de atenção, caso você decida comprar o ativo da empresa Y a esse valor e, nos próximos meses, ela voltar ao patamar de R$ 10, você terá um deságio de R$ 1 em relação ao valor que pagou.
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Deságio aplicado em participações societárias
Apesar desse caso parecer um pouquinho mais complexo, não se preocupe, pois vamos explicar de forma simples e direta.
Caso você queira adquirir a participação em uma sociedade como forma de investimento, o deságio se configura caso o valor contábil dessas ações seja maior do que aquele que foi pago no ato da compra.
Ou seja, da mesma forma que nas outras modalidades, o deságio nada mais é do que o “lucro” que você tem em cima da operação que realizou. Na prática, se você pagou R$ 100 mil em uma sociedade e contabilmente ela passou a valor R$ 110 mil, você teve um deságio de R$ 10 mil, ou + 10% do valor inicial.
Como calcular deságio: passo a passo
Para ter uma noção melhor sobre lucro e prejuízo de seus investimentos é importante saber, sobretudo, como calcular o ágio e o deságio. Mas não se preocupe, pois é algo simples e rápido de ser feito. A seguir, você verá a principal fórmula que os analistas utilizam para calcular o deságio em investimentos de renda fixa:
VF = P / (1+taxa) (prazo/período da taxa)
Confira as legendas, onde:
- VF: valor líquido atual do investimento
- P: valor do recebido (ou valor de face)
- Taxa: juros no mês ou ano, por dias corridos ou úteis
- Período da taxa: dias exatos onde a taxa é expressa
Que tal agora aplicar essa fórmula na prática? Então veja: suponha que você tenha comprado um apartamento ainda na fase de obras pelo valor de R$ 200 mil. Após 3 anos de construção, com o imóvel já entregue, houve uma valorização desse bem e ele passou a custar R$ 350 mil. Com esse novo preço, seu investimento inicial teve um deságio de R$ 150 mil, ou seja, lucro de 75%.
Agora, para calcular o deságio no mercado acionário, os analistas seguem a seguinte fórmula:
Preço por ação / VPA
Confira as legendas, onde:
- VPA: Valor patrimonial da ação
Após fazer esse cálculo, é importante saber interpretar os resultados. Caso o valor seja menor que 1, quer dizer que a ação está com deságio no mercado. Porém, se der o resultado igual a 1, o ativo está com o valor nominal equivalente no mercado. Agora, caso o resultado seja superior a 1, é provável que a ação esteja supervalorizada, caracterizando, assim, um ágio ao ativo.
Vantagens e desvantagens do deságio
É inegável que há o lado bom e o lado ruim em investir levando somente o deságio em consideração. É por isso que você precisa observar alguns pontos importantes e, mais do que isso, avaliar se eles são a melhor aposta dentro da sua estratégia de investimento. Confira a seguir quais são as vantagens e desvantagens do deságio nas suas operações:
Vantagens
A principal vantagem do deságio é que você pode comprar um ativo com um valor menor do que ele realmente vale. Porém, para isso acontecer, é preciso ficar atento ao mercado. No caso da renda variável, por exemplo, onde há maior volatilidade, os preços variam muito num intervalo de tempo por vezes muito curto.
Há ocasiões, por exemplo, de crises políticas ou econômicas onde os ativos tendem a perder força no mercado. Esses momentos são perfeitos para atingir o deságio no investimento, mas é preciso ter dinheiro guardado e acertar o timing da compra. E mais do que isso: paciência para poder ver o retorno, que muitas vezes pode vir somente no médio ou longo prazo.
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Desvantagens
Uma das principais desvantagens é que, por se tratar de uma fórmula padrão, o cálculo do deságio muitas vezes pode ser ilusório. Isso depende, claro, da modalidade de investimento.
Um exemplo bem claro dessa diferença é quando falamos de fundos, como o imobiliário. Isso porque o valor da aquisição do ativo pode não ser compatível com o valor real. Vamos supor que um fundo X está sendo negociado no mercado por R$ 100 o valor da cota. Porém, o valor patrimonial equivale a R$ 150. Nesse caso, há um deságio de R$ 50.
Embora o investidor veja como uma vantagem, caso ele encontre, por exemplo, um empreendimento na mesma região com o metro quadrado mais barato, pode descobrir que o valor patrimonial pode estar diferente do que o imóvel do fundo vale na realidade. Por isso, é preciso levar em conta essa variável quando decidir por esse tipo de investimento.
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