Dia da Mulher: primeira investidora brasileira e cenário atual nos investimentos

Hoje, 08 de março, no Dia Internacional da Mulher, a Xpeed resolveu levar até você uma breve história da primeira investidora no Brasil e como o cenário em relação ao espaço da mulher no mundo dos investimentos está.

 

Eufrásia: a primeira investidora brasileira

Mesmo ainda no século XIX – período em que, por exemplo, mulheres tinham mais restrições do que hoje -, Eufrásia conseguiu superar uma fase difícil e até mesmo deixar seu nome na história para sempre.

Como assim?

Bom, o título deste tópico já entrega, não é mesmo?

Dessa forma, contaremos um pouco a história dessa mulher que conseguiu servir de inspiração até hoje para todas as outras mulheres que desejarem e desejam trilhar o caminho dos investimentos.

Filha do casal composto por Joaquim José Teixeira Leite e Ana Esméria Correia, Eufrásia Teixeira Leite nasceu em Vassouras, interior do Rio de Janeiro, em 1850.

O pai dela, Joaquim, foi o quinto filho da família dele, pôde estudar e tornou-se bacharel em Direito em São Paulo.

Quanto aos irmãos dela, Francis Bernardina era a irmã mais velha e nasceu em 1845, enquanto Francisco, infelizmente, faleceu ainda criança.

Em 1873, Eufrásia perdeu os pais Ana Esméria e Joaquim com menos de um ano de diferença.

A partir de então, as irmãs Eufrásia e Francisca decidiram viajar para a Europa e, lá, se iniciou a jornada nos investimentos com a herança que o pai havia deixado para ambas.

É bom lembrar que, na época, as mulheres possuíam ainda mais restrições do que hoje, como: era considerado importante formar as mulheres apenas para que elas fossem capazes de servir bem à família.

Inclusive, um artigo do jornal Correio Mercantil de abril de 1859 já trouxe o trecho: “[…] fazer de boas filhas, perfeitas esposas e mães de família, fim sublime da criação da mulher […]”.

Além disso, as mulheres não tinham direitos básicos como o voto.

Para se ter ideia, para que a Eufrásia conseguisse investir, precisava de um operador – no caso, foi um chamado Albert Guggenheim.

Eram tempos em que as mulheres sequer podiam circular pelas bolsas de valores ao redor do mundo para participar dos pregões, por exemplo.

Ainda assim, Eufrásia conseguiu seguir investindo por 55 anos em 17 países e 9 moedas.

Listamos abaixo as moedas com as quais ela fazia cotação diária e transações nos bancos:

  1. Libra esterlina
  2. Franco francês
  3. Franco Belga
  4. Dólar
  5. Dólar canadense
  6. Dólar chileno
  7. Leu
  8. Mil Réis
  9. Franco suíço

Entre bens no Brasil e no exterior, ela possuía também ações, debêntures e apólices dos mais diversos governos em dívidas ativas.

Para se ter ideia, em 11 de julho de 1934, a conta dela no National City Bank recebe o valor de 1.092,25 de dólares, proveniente de dividendos nas empresas nos EUA.

Por fim, mesmo com o falecimento de Eufrásia em 13 de setembro de 1930, na Ladeira da Glória, ela deixou um legado importante que não só deve ser lembrado no Dia Internacional da Mulher, bem como em todos os outros dias de cada ano.

Por exemplo, em 6 de julho de 1941, foi inaugurado o Hospital Eufrásia Teixeira Leite, com 200 leitos, laboratório clínico, setor de raios x, fisioterapia e lavanderia.

O diretor era o Dr. Luiz Pinto, que comandava as cinco seções: clínica médica, pediatria, oftalmologia, otorrinolaringologia e cirurgia.

E não para por aí: em 2 de junho de 1952, a Santa Casa de Misericórdia fez um pagamento ao Senai, de acordo com o estipulado no contrato, para a construção do Instituto Profissional Masculino Dr. Joaquim José Teixeira Leite, no valor de 2.700.000,00 cruzeiros.

Dessa forma, Eufrásia foi inspiração para construções e segue sendo para a construção de cada vez mais mulheres no mundo dos investimentos.

 

Números da mulher no cenário atual dos investimentos

A B3 (Bolsa de Valores brasileira) registrou no último dia útil de fevereiro deste ano 924.093 investidoras no país.

Isso representa quase 27% dos 3.464.317 investidores em todo o Brasil – números ainda bem inferiores aos dos homens, infelizmente.

Mas de 2017 para cá, as mulheres saltaram 4 pontos percentuais, enquanto do outro lado os 4 pontos percentuais foram de queda.

O crescimento é ainda mais impressionante quando se percebe que, em 2017, existiam apenas 141.855 investidoras – e hoje já se está muito próximo do 1 milhão.

Apesar dessa crescente, é bom enfatizar que a equiparação entre homens e mulheres ainda está muito longe de se concretizar.

Não só quanto a investidores, bem como em relação a profissionais em áreas financeiras, o número de pessoas do sexo feminino segue sendo bem baixo.

Ou seja, há ainda uma pequena participação de mulheres também em cargos de analistas, gerentes de instituições financeiras, consultoras e assessoras de investimentos e afins.

Numa pesquisa que contou com o apoio da ONU Mulheres, 65% das entrevistadas disseram que “ser rica” é “conseguir viver somente com o próprio dinheiro investido”.

Esse estudo é o “Panorama de Consumo e Investimento da Mulher Brasileira”, feito pelas pesquisadoras Renata Piacentini Rodriguez, professora associada da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), e Mariana Ribeiro, mestranda do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (USP).

Tal levantamento contou com a participação de 2.632 respondentes e foi realizado entre agosto e dezembro de 2019.

Diante desses e outros dados adquiridos, as pesquisadoras do mesmo estudo concluíram que o grande problema é que, apesar de reconhecerem a importância de investir melhor seu dinheiro, as mulheres ainda acreditam que isso não é para elas.

Dentre os motivos para isso, estão:

  • Dificuldade de falar sobre dinheiro;
  • Achar que precisa de muito dinheiro para investir em produtos financeiros mais arriscados;
  • Questão cultural atrasada para as mulheres: direito a voto só a partir da década de 1930 e conta corrente individual só em 1960, por exemplo;
  • Baixa procura por ajuda/consulta especializada quando se fala de finanças.

Para Mariana Ribeiro – que também é analista de conteúdo na Xpeed -, o caminho para vencer essas barreiras e o espaço da mulher aumentar nos investimentos depende, basicamente, de um fator:

  • Ouvir mais as mulheres para o desenvolvimento de novos produtos financeiros.

Segundo a pesquisadora, o problema já se iniciou nas reuniões de um grupo apenas de homens que, assim, só produzem produtos financeiros para esse tipo de público.

Dessa forma, com uma maior abertura de espaço e voz para a mulher, a probabilidade de crescer a presença feminina no mundo dos investimentos também é maior.

Aliás, ciente desse cenário, a XP Inc. já se comprometeu, desde o ano passado, a ter 50% de mulheres em todos os níveis hierárquicos até 2025.

Hoje, 22% do quadro é composto por mulheres e a companhia está implementado medidas práticas, como a extensão das licenças maternidade e paternidade.

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