Resiliência cibernética: como aplicar o conceito em sua empresa?

A ideia de resiliência cibernética surge a partir da robustez da qual as organizações contemporâneas dispõem para resistir às ocorrências de problemas, muitos deles relacionados aos avanços das novas tecnologias.

Mas, afinal, todo negócio deve abraçar a resiliência cibernética? Se sim, por onde começar? 

Neste artigo, falaremos sobre o contexto de surgimento do termo, além de dicas para aplicá-lo em sua empresa. 

Como surgiu o conceito de resiliência cibernética?

Tudo começou com a primeira revolução industrial, nas confecções têxteis da Grã-Bretanha. Com o avanço tecnológico, os sistemas produtivos passaram a atuar com perspectivas globais, o que gerou um crescimento no volume de produção.

A partir daí, a produção em massa configurou a segunda revolução industrial. No início do século XX, Henry Ford montou fábricas com linha de montagem em movimento. 

Com o avanço das tecnologias digitais, iniciou-se a terceira revolução industrial. 

Neste contexto, softwares com algoritmos mais complexos e robôs com mais funcionalidades passaram a operar nas indústrias. Aumentou-se o uso da impressora 3D e novos serviços foram oferecidos na internet.

Assim, a Indústria 4.0 apresentou-se como um avanço nas definições que configuraram os sistemas produtivos, possibilitando a obtenção de resultados por meio de tecnologias como Internet of Things (IoT) ou Internet das Coisas e Inteligência Artificial

A manufatura digital, ao englobar estas tecnologias, pôde proporcionar o alcance das metas organizacionais em função da estratégia empresarial. 

Logo, o novo ambiente empresarial da 4ª Revolução Industrial despontou como um terreno fértil para o surgimento dos sistemas físico-cibernéticos. 

Tais sistemas passaram a lançar mão de  inovações tecnológicas para aproveitar as capacidades computacionais, integrando os recursos físicos presentes nos ativos empresariais na interação com os seres humanos. 

Estas interações possuíram a característica potencial de utilizar diversos meios sensoriais para se comunicar com as pessoas.

Indústria 4.0: berço da resiliência cibernética

A Indústria 4.0 está causando diversas mudanças no ambiente empresarial e vai continuar influenciando as estratégias organizacionais nos próximos anos. 

Um impacto não muito recente está na cadeia de valor e na relação entre as organizações que a compõem. 

Com o avanço das mídias sociais, a cadeia de valor pode adotar os mesmos conceitos destas redes. 

Assim, por meio de uma plataforma digital distribuída, as empresas que compõem a cadeia de valor podem interagir para trocar conhecimento sobre o portfólio de produtos, compartilhando ideias, comentários, avaliações e suas primeiras impressões sobre um determinado produto em desenvolvimento ou acabado.

O consumo dos produtos influencia o processo de produção nas empresas contemporâneas, percorrendo um caminho de transformação disruptiva. 

Os sistemas produtivos na era ciberfísica, associados às inovações adotadas pela Indústria 4.0, determinam que as organizações passem a adotar, imediatamente, iniciativas de Internet das Coisas nas suas linhas de produção e produtos.

Não é mais um tema de filme de ficção. As máquinas, hoje em dia, já comportam sistemas que possibilitam a troca de informação entre elas e com funcionários da manutenção ou pessoas consumidoras finais. 

O Asset Intelligence Network (AIN) torna-se uma plataforma que apoia o melhor desempenho dos recursos presentes no chão de fábrica dos sistemas produtivos industriais, elevando a capacidade produtiva por meio de uma manutenção de equipamentos que se comunicam em rede. 

Trata-se de uma espécie de cooperativa entre os proprietários de máquinas e os fornecedores destes ativos, criando um ambiente de comunicação ciberfísico. 

Peças e equipamentos em manutenção incorporam informações específicas que auxiliam no seu controle para alcançar um desempenho quando da sua utilização. Neste contexto, a melhoria na capacidade e desempenho das máquinas torna-se uma questão de adequação dos processos, passando por uma comunicação online, evitando trade-offs 

A Internet das Coisas trouxe muito progresso…

A Internet das Coisas proporcionou  uma possível evolução tecnológica, influenciando o desenvolvimento em diversos setores da Economia Industrial. 

Em destaque, está o segmento da Microeletrônica, que direciona esforços para aumentar a capacidade de comunicação e interação, por meio do sensoriamento, entre homem-e-máquina e máquina-e-máquina. 

Uma possível abordagem se faz pela conexão dos objetos na Internet. Assim, aumenta sua capacidade computacional e de comunicação com as pessoas e com os outros objetos ou máquinas conectadas a esta rede. 

Trata-se de uma combinação entre tecnologias complementares, integrando objetos no ambiente físico por meio de redes de computadores.

A Internet das Coisas alterou o conceito de redes de computadores. Dessa forma, possibilitou uma evolução do conceito para rede global, em que os objetos (coisas) podem se comunicar uns com os outros. 

As coisas estabelecem a comunicação com as outras coisas, determinando o conceito de rede para a Internet das Coisas.

…mas também ampliou o universo dos riscos cibernéticos

O problema acontece quando os riscos cibernéticos afloram, na mesma medida em que são criadas aplicações para a Internet das Coisas. Muito provavelmente, estamos diante de um novo processo evolutivo em que a ubiquidade computacional será cada vez maior — e está longe de terminar.

Contudo, estes sistemas cibernéticos podem gerar informações com base em dados imperfeitos ou que sofreram mutação, necessitando reparos para serem aplicados na geração de informação futura. 

Diante deste contexto, surge um novo conceito, relacionado com a capacidade das empresas em se manterem resilientes diante de ameaças e riscos sem abalar seu compromisso com a melhoria contínua dos processos. Estamos falando da resiliência cibernética. 

O que é resiliência cibernética?

Trata-se da capacidade das empresas de se prepararem, responderem e se recuperarem de ataques cibernéticos, compreendendo que sua existência faz parte do cotidiano de corporações alinhadas à tecnologia. 

Diante do contexto de crescimento das ameaças cibernéticas, as organizações passaram a ser resilientes em relação às ocorrências de eventos originadas nos sistemas complexos definidos na adoção da Internet das Coisas. 

Desta forma, apesar dos ataques prejudicarem a produtividade, as empresas respondem, progredindo na evolução do seu sistema produtivo cibernético. 

Isto inclui não ser afetada por intrusos que degeneram seus processos de comercialização e prestação de serviço. Nesta ótica, percebe-se a importância da gestão de riscos cibernéticos no ambiente da Indústria 4.0, em especial, os relacionados com a Internet das Coisas.

Benefícios da resiliência cibernética 

Conheça alguns dos benefícios-chave da adoção da resiliência cibernética nas empresas.

1- Vantagem competitiva para as empresas 

Neste ambiente digital, configurado pela integração da computação e das tecnologias físicas associadas, a resiliência cibernética se tornou um fator-chave para a vantagem competitiva das empresas por meio do bom desempenho dos seus sistemas produtivos.

Nesta perspectiva digital, os sistemas buscam fortalecer as ações estratégicas voltadas para a adoção de novas tecnologias e a integração com os processos gerenciais dentro das organizações.

2- Ganhos de escala nas organizações 

Nesta ótica, e, no contexto da resiliência cibernética, o ambiente produtivo que não sofre com variações de problemas ocorridos devido a adoção de novas tecnologias digitais, pode proporcionar ganhos de escala para organizações e, como já mencionado, países.

3- Adequação em tempo real da produção para atender a cadeia de valor

Além disso, os sistemas produtivos na era digital necessitam de planejamento para utilizar com parcimônia as novas tecnologias digitais, permitindo o desenvolvimento de novos produtos e respondendo às variações de demandas. 

A adequação em tempo real da produção para atender a cadeia de valor deve vir em conjunto com o planejamento da resiliência em relação a estas tecnologias digitais.

4- Agilidade nas respostas aos ataques cibernéticos

Adequar os sistemas produtivos com rapidez é, talvez, o mais relevante fator crítico de sucesso para as organizações e, até mesmo, países inteiros num futuro próximo. 

Neste ambiente empresarial cada vez mais digital, as aberturas cibernéticas sempre ocorrem, sendo uma realidade que deve ser levada em conta. Hackers e usuários mal-intencionados podem destruir o negócio das empresas em questão de segundos. 

No entanto, com a resiliência, as organizações podem responder com agilidade aos ataques cibernéticos. 

Resiliência cibernética: por onde começar? 

Diante da expansão da Internet das Coisas, e consequente crescimento do risco cibernético, torna-se necessário construir uma estratégia de resiliência cibernética com ações deliberativas.

Assim, a diretoria das empresas precisa enfatizar interesse na fiscalização de medidas de contenção determinadas nas metas de gerenciamento de riscos cibernéticos. 

Além disso, a comunicação entre os setores deve ter boa qualidade. Ela precisa englobar os stakeholders necessários para a segurança cibernética, apoiando o fortalecimento da resiliência em casos de ataques aos sistemas computacionais.

Por fim, devemos ter especial atenção ao compartilhamento de informações críticas para a empresa em servidores de fornecedores ou de parceiros da cadeia de valor. Todos os funcionários devem estar comprometidos com as iniciativas de defesa, isto fortalece a resiliência cibernética.

Mais sobre segurança cibernética 

Orientar a liderança e os demais colaboradores da empresa à adoção da resiliência cibernética é um caminho efetivo para blindar a companhia dos impactos negativos de um ataque hacker. 

Da mesma forma, a postura promove a rápida incorporação de novos processos e a adoção de estratégias e tecnologias de proteção. 

Quer saber mais sobre a temática da segurança cibernética e os caminhos para proteger empresas e projetos de ataques hacker? 

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Professor autor: Eder Junior Alves

Créditos da imagem de capa: Dan Nelson em Unsplash

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