Índice Sharpe: conceito e como calculá-lo para avaliar seus investimentos

Uma das premissas mais comuns no mercado de investimentos é a de que ganha mais rápido aquele que ousa mais. Embora isso geralmente seja verdade, não significa que qualquer investimento de risco também trará bons resultados. Mas então como fazer essa avaliação? Uma das maneiras é utilizando o Índice Sharpe.

Se você já avaliou um fundo de investimento em um comparador, provavelmente já é familiarizado com esse índice. No artigo abaixo nós falamos mais sobre como ele funciona, além de como e por que utilizá-lo em suas análises. Confira!

O que é Índice Sharpe?

Quem atua no mercado financeiro sabe que métricas e indicadores são fundamentais para auxiliar o investidor em suas análises. Entre as mais comuns estão as análises gráficas do day trade, os índices ROI e ROE e o Índice Sharpe.

Também conhecido como Sharpe Ratio, esse índice ajuda a avaliar o retorno que um investimento pode oferecer versus seu risco. Isso é feito através de um comparativo entre fundos que oferecem risco e ativos isentos dele.

A técnica consiste em uma fórmula matemática. Com ela, o investidor identifica a rentabilidade que cada fundo é capaz de oferecer em relação ao seu risco.

Em resumo, o Índice Sharpe apresenta a melhor alternativa de rentabilidade a partir do menor risco de aplicação.

Como ele surgiu

O Índice Sharpe deriva do sobrenome de seu fundador, William Sharpe.

Estatístico e matemático norte-americano e ganhador de um Nobel de Economia, Sharpe percebeu nos anos 1960 que os investidores avaliavam suas aplicações apenas com base na rentabilidade. Concluindo que isso não era suficiente, o estatístico desenvolveu uma fórmula para responder à seguinte questão:

“Qual é o investimento que oferece maior retorno a partir do menor risco?”

Hoje o Índice Sharpe é um dos mais usados no mercado, em especial no de fundos de investimento. Com ele, o investidor é capaz de identificar com facilidade qual opção atende melhor à relação rentabilidade x risco.

>>> Quer entender mais sobre o conceito de Índice Sharpe? Os especialistas em análises de fundos de investimento Felipe Relvas e Luiz Felippo explicam em pouco mais de 6 minutos no podcast Stock Pickers. É só acessar e dar o play.

Por que utilizar o Índice Sharpe nas análises de fundos?

“Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura”. Certamente você já viu ou até proferiu essa frase no contexto dos investimentos. Mais que popular, ela é uma das maiores verdades desse mercado.

É justamente pela falta de garantia que as métricas e indicadores devem ser utilizados. Não basta olhar para trás e ver bons números se eles não estiverem acompanhados de dados relevantes. Da mesma maneira, não adianta olhar para frente à espera de retorno garantido, pois ele não existe.

Quando você aplica o Índice Sharpe na análise de seus investimentos, consegue visualizar com mais clareza qual das opções oferece melhor remuneração com o menor risco possível envolvido. Assim, você considera retorno e volatilidade na hora de compor a carteira e garante um portfolio mais inteligente.

Como calcular Índice de Sharpe?

Por conta de sua formação, William Sharpe associou o índice a uma fórmula matemática. É o seu resultado que indica o retorno que um investimento pode oferecer considerando o retorno de um investimento de menor risco.  Veja a fórmula:

IS = (Ri – Rf) / σi

Sendo que:

  • IS = Índice Sharpe
  • Ri = Retorno do portfolio ou do ativo, podendo ser a carteira ou fundos de investimento
  • Rf = Risk Free Ratio, que representa a taxa livre de risco. No Brasil, a Selic
  • σi = Volatilidade – ou risco – do ativo

Olhando a fórmula pode parecer complicado, mas basicamente ela significa

Retorno – Taxa livre de risco / Volatilidade

Vamos de exemplo?

Imagine que o Fundo A tem rendimento de 10% e volatilidade de 2%, sendo o rendimento anual da Taxa Selic 6%. Agora aplique esses valores na fórmula:

IS = (10 – 6) / 2 = 2

Agora, suponha que o Fundo B tenha como rendimento a porcentagem de 15% e volatilidade de 3%. Aplicando o mesmo valor na Taxa Selic, temos a seguinte fórmula:

IS = (15 – 6) / 3 = 3

A partir dos resultados acima é possível concluir que: mesmo tendo rendimento inicial maior que o Fundo A, o fundo B também possui o Índice Sharpe maior. Isso significa que ele é uma opção de investimento de maior risco.

Índice Sharpe generalizado

Além da fórmula comum, que apresentamos acima, há também uma fórmula variante do Índice Sharpe. Nela, é introduzida a volatilidade do ativo livre de risco.

Veja a fórmula ajustada:

IS = (Ri – Rf) / σi – σf

Neste caso, σf representa o risco do ativo livre de risco.

>>> Uma das modalidades de fundo disponíveis para investimento é a imobiliária. Mas você já sabe tudo o que precisa sobre ela? Dê o play no vídeo abaixo em que a Clara Sodré fala sobre o assunto.

Como funciona esse índice?

Basicamente, o Índice Sharpe compara ativos, que podem ser carteiras ou fundos de investimento. Seu principal objetivo é avaliar qual deles oferece melhor rentabilidade versus o menor risco de aplicação.

Para isso, ele utiliza como comparativo investimentos livres de risco. E por quê?

A razão é simples: ninguém quer investir em um ativo de alto risco se ele oferecer menor rentabilidade que aqueles que estão livres de risco. Caso a fórmula demonstre que as opções conservadoras são melhores que os fundos avaliados, uma escolha do investidor é aplicar em investimentos de renda fixa.

A volatilidade também deve ser considerada como um indicador de risco. Por demonstrar a oscilação de preço em um período pré-determinado, ela apresenta as chances de risco de um ativo.

Quando você tem acesso aos seguintes dados: a) retorno da aplicação; b) volatilidade da aplicação; c) investimento livre de risco, é possível aplicá-los no Índice Sharpe e, então, ter acesso a um comparativo de rentabilidade dos fundos.

Como aplicar o Índice Sharpe nos fundos de investimentos?

Embora exista uma fórmula e o cálculo do Índice deva ser feito com base nela, existem algumas dicas dos analistas para que os resultados obtidos pelo Sharpe sejam mais assertivos. Veja:

  • Priorize os valores anuais, ou seja, históricos dos últimos 12 meses
  • Utilize o Índice para avaliar fundos e carteiras
  • Faça o comparativo entre investimentos da mesma categoria

Além dessas dicas, existem outros pontos que devem ser considerados na hora da análise.

Análise Sharpe com fundos sem ativos relacionados

Em alguns tipos de fundos, como o multimercado, não há ativos relacionados. Quando isso acontece, é possível que a volatilidade do fundo seja menor, já que o rendimento de um fundo compensa o prejuízo do outro.

Resultado Sharpe adequado para investimento

Embora a fórmula indique que quanto maior o resultado de Sharpe obtido, melhor é o investimento analisado, não há uma definição sobre qual é o valor referência.

O mercado costuma entender que fundos com Índice Sharpe acima de 0,5 merecem ser avaliados. Entretanto, isoladamente esse número pode não indicar todas as respostas e, por isso, deve ser combinado a outras análises.

Índice Sharpe x estratégia x perfil

Como acabamos de dizer, o Sharpe quando utilizado individualmente não define uma linha de investimento. E a razão é simples: seu papel é apenas o de mostrar qual opção pode atender aos seus objetivos.

Neste caso, o recomendado é utilizar o resultado desse cálculo combinado ao seu perfil, entendendo se a opção de fundo está dentro dos riscos que você como investidor eventualmente está disposto a correr.

Índice Sharpe como base de tendências futuras

Embora esse índice possa indicar a tendência de um investimento no futuro, ele não deve ser visto como determinante. Quando um fundo é calculado utilizando sua fórmula, o valor da taxa livre de risco também é utilizado.

Nesse caso, mudanças no cenário econômico podem afetar essa taxa e comprometer a análise feita.

Conclusão

Nesse artigo você entendeu a importância do Índice Sharpe na análise dos seus investimentos, mas também que ele não deve ser usado como indicador determinante dentro de uma análise.

Todo e qualquer tipo de investimento deve ser avaliado sob a ótica de diversos indicadores. São eles que orientam, através de dados, sobre as melhores opções para a composição da carteira.

E falando em carteira, além dos fundos de investimento, outra opção para quem tem um perfil mais arrojado é a compra de ações. E essa modalidade também exige estudo!

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